Resenha | Ghost Story, terror clássico de Peter Straub

Resenha Ghost story

Um clássico do terror aclamado até mesmo por Stephen King

Sobre o livro

Peter Straub é um autor mais conhecido pelo seu trabalho com livros de terror, tendo ganho mais de cinco prêmios de escrita ao longo de seus quase cinquenta anos de carreira. Escreveu o livro Ghost story em 1979, e agora a obra ganha sua versão Darkside em capa dura, que chama muita atenção pela beleza misteriosa e pelo clima sobrenatural.  Além disso, autor possui dois livros escritos com seu colega Stephen King, O Talismã e A casa negra. King, inclusive, recomenda a obra como “uma verdadeira obra prima” e reconhece Straub como “um mestre do terror e das histórias de fantasma”.

Desenvolvimento

Em Ghost Story, os habitantes de Milburn não fazem ideia da trama sobrenatural que se passa na cidade. Uma brisa pesada, visitantes sombrios… tudo passa batido nessa pacata cidade dos Estados Unidos, exceto para Ricky Hawthorne, Sears James, Lewis Benedikt e John Jeffrey, ou mais precisamente, a Sociedade Chowder. Esses quatro homens, não mais tão novos, sentem a necessidade de se reunir uma vez a cada quinze dias depois da morte de um amigo em comum, onde a cada dia um deles conta uma história de terror. Uma das regras da reunião é que é proibido revelar a veracidade de suas histórias, mas o passado começa a pesar ao completar um ano da morte do amigo e antigo membro, Edward Wanderley, e os quatro passam a ter pesadelos com suas próprias mortes. 

O livro apresenta a cidade como pequena e clichê, para alguns até entediante, embora não seja o caso de Ricky Hawthorne. Apesar de ser o desejo de sua esposa se mudar para uma cidade grande, Ricky se contenta com o conforto de morar na mesma cidade de sempre, e ter o mesmo escritório de advocacia que abriu com seu amigo e parceiro Sears James. É com Hawthorne que mais nos apegamos desde o início da leitura, seja pelo fato de ser um velho simpático que ama sua esposa mesmo estando ciente de suas traições recorrentes, ou pela coragem de lidar com o sobrenatural mesmo não tendo a saúde que costumava ter. Entretanto, de todos os integrantes originais da sociedade, provavelmente é o único por quem torcemos de verdade. 

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A trama se desenrola de maneira arrastada e até entediante. Conforme vão surgindo diversos personagens e famílias inteiras cujos nomes se tornam impossíveis de decorar, o livro se mostra bastante confuso, o que torna difícil o engajamento logo no princípio. Ao decorrer da leitura, é possível se acostumar mais com os personagens conforme vão fazendo suas aparições repetidas, mas quase nenhum deixa sua marca ou enlaça o leitor ao ponto de merecer sua empatia. Conforme os eventos sobrenaturais vão se desenrolando, muitos deles vão morrendo e… não fazem falta. Nem mesmo os mais jovens que deveriam despertar maior tristeza. A impressão é de que estavam lá apenas para fazer número de corpos, meros figurantes. 

Além de confusa, a narrativa também é lenta e maçante, levando inúmeros detalhes ao leitor que se tornam dispensáveis, deixando aquela vontade de pular páginas inteiras por não haver nenhum conteúdo além do descritivo, que muitas vezes nem agrega ao clima de suspense do livro. Muito pelo contrário, nos momentos de tensão, a escrita é acelerada onde poderia ser mais aprofundada.

Um ponto positivo do livro, definitivamente, são as histórias de terror. Tanto a contada na Sociedade Chowder, como as trazidas por Donald Wanderley, que é convocado pelo grupo após o início dos pesadelos assustadores. Todas as histórias carregam um clima pesado de tensão, e uma sensação de que ainda não foram resolvidas que agrega muito a narrativa, e é o que incita o leitor a continuar a leitura. Essas histórias, juntas, criam um background para a trama principal, que é a reunião desses fantasmas do passado na  Milburn de agora com a Sociedade Chowder já velha, sendo assombrada por um acidente de quando ainda eram jovens. 

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Entretanto, mesmo com essa teia de histórias que ajudam a tecer a trama principal, sua a resolução é muito simples e rápida. Depois da entrada de Peter Barnes e Donald Wanderley na Sociedade, fica a sensação de que só bastou alguém ter a vontade de resolver tudo que as coisas deram certo. A dificuldade para combater esses seres sobrenaturais tão superiores mencionada ao longo do livro inteiro parece evaporar pelas poucas páginas de conflito real.

Considerações finais

A leitura é demorada tanto pela escrita, quanto pelo tamanho, tendo 448 páginas. O livro é dividido por capítulos e subcapítulos, em que o foco muda entre os personagens, com a narrativa em terceira pessoa. Talvez não seja o livro para iniciar uma leitura de Straub pelo estilo detalhista de escrita, que torna difícil prender a atenção do leitor que não está acostumado.

Informações técnicas (retirados do site da editora): 

Título | Ghost Story
Autor | Peter Straub
Tradutora | Regiane Winarski
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
Idioma | Português
Dimensões | 16 x 23 cm, capa dura
ISBN | 978-85-9454-184-0

 

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6

NOTA

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