Crítica | Invasão ao Serviço Secreto – Tiro, Tombo e Sono

Invasão

Invasão ao Serviço Secreto, continuação de "Invasão a Casa Branca" e "Invasão a Londres", é o terceiro filme da franquia. Previsível e cansativo, nem mesmo as atuações de Morgan Freeman e Gerard Butler conseguem fazer a pipoca valer a pena.

Antes do Filme

Em 2013 estreou “Invasão a Casa Branca” (“Olympus Has Fallen” no original) e de maneira auspiciosa, a franquia estrelada por Gerard Butler (o eterno Leônidas de “300”) contava com cenas de ação bem executadas, uma trama simples e participações de atores reconhecidos como Aaron Eckhart e Morgan Freeman. O filme fez sucesso e teve uma continuação, “Invasão a Londres” que estreou em 2016 e funciona muito mais como panfleto islamofóbico do que como filme de ação. Agora estreia nos cinemas brasileiros o terceiro filme da série, “Invasão ao Serviço Secreto”, com um Gerad Butler ainda galã, mesmo que já sentindo a idade.

O longa, dirigido por Ric Roman Waugh, mostra um atentado terrorista contra o Presidente Trumbull (Morgan Freeman) em que os únicos sobreviventes são o próprio presidente e o agente Mike Banning (Gerard Butler), agora um experiente agente do Serviço Secreto, sendo até cotado para ser o novo diretor da agência. Ele é rapidamente incriminado pelo atentado e agora precisa fugir de seus antigos aliados e provar sua inocência.

Trama e Roteiro

O roteiro do filme, escrito a seis mãos por Robert Mark Kamen, Matt Cook e pelo próprio Ric Roman Waugh, até aponta alguns caminhos interessantes para a trama no começo do longa, mostrando o impacto físico e mental que todos esses anos de batalha tiveram em Banning, que está sofrendo as sequelas de múltiplas concussões e tem um “leve” vício em analgésicos. Poderia ser uma oportunidade interessante para, em um filme de ação, não só humanizar mais o protagonista, quanto para trazer à tona um assunto tão esquecido em filmes como a saúde, especialmente levando em conta que Butler já não é mais um garoto. Infelizmente tudo isso é esquecido no primeiro momento em que há uma situação de perigo e Banning rapidamente se transforma em uma versão do Super-Homem sem capa (ele até consegue deixar de lado seu vício sem um efeito colateral!).

Logo fica claro no longa que o culpado por trás do atentado é um antigo amigo de Banning, Wade Jennings (Danny Huston), um ex-militar dono de um exército privado prejudicado pelas políticas do presidente Trumbull. Há alguém por trás de Wade também, mas não vou revelar por motivos de spoiler, mesmo que não haja uma mínima preocupação ou tentativa de sutileza da película na caracterização dos personagens ou a maneira que são apresentados em cena, um exemplo disso: quando ainda não tem sua identidade revelada, os vilões sempre têm uma ou duas cenas em que a câmera foca por mais alguns segundos em suas faces, como se mostrasse as intenções sórdidas dos personagens.

Todo o filme tem essa aura extremamente burocrática, quase como se tivesse sido feito por um algoritmo, há muitas cenas de ação, todas bem executadas e até com alguma violência, mas sem nenhuma inspiração. O longa tem uma única cena engraçada, em um encontro de Banning com alguns caipiras armados, mas fora isso a maior parte de sua duração é composta por sequências de ação cada vez mais ensurdecedoras.

Por fim, “Invasão ao Serviço Secreto” é mais um representante dessa curiosa categoria de filmes de ação mais… conservadores, na falta de uma definição melhor. Para explicar, esses longas normalmente tem um grande respeito e admiração tanto pelo governo (dos Estados Unidos claro, os outros países são selvagens que não sabem apreciar um bom hambúrguer) e pelas forças militares e policiais. Mas ao mesmo tempo o governo e essas outras instituições são extremamente corruptas e ineficientes, isso até o protagonista livrar esses grupos de todos os seus elementos ruins. Não que haja algum problema com o conservadorismo, mas é complicado desenvolver uma narrativa envolvente em meio a tantas contradições.

Personagens e Atuações

Como protagonista da franquia, Gerard Butler não traz nada para Mike Banning que não possa ser encontrado em qualquer um de seus outros papeis, mostrando um personagem durão, que não consegue comunicar seus sentimentos, mas que tem um coração de ouro. É burocrático, mas não compromete. O mesmo pode ser dito da maioria das atuações no filme, seja de Piper Perabo como a mulher de Banning, de Jada Pinkett Smith como uma obstinada agente do FBI ou Tim Blake Nelson no papel do Vice-Presidente Kirby. Falando em presidente, não tem muito que possa se dizer sobre a atuação de Morgan Freeman, visto que ele passa a maior parte do filme em um coma, mas quando está em tela ele traz o que se espera de um ator de seu porte.

O longa também conta com a participação de Nick Nolte como Clay Banning, pai recluso de Mike. Ele é um veterano traumatizado da Guerra do Vietnã que abandonou o filho ainda na barriga da mãe, e que hoje vive como um nômade recluso, em uma cabana cheia de armas e armadilhas. Fica claro que o filme busca trazer um lado mais emocional para a trama com a introdução do pai de Mike, mas ele acaba por não ter muito o que fazer na trama, além de ajudar em uma das inúmeras sequências de ação, e logo é deixado de lado para dar espaço a mais pancadaria. A atuação de Nolte, monotemática e exagerada, também não ajuda na identificação com o personagem.

Depois dos Créditos

Em conclusão, “Invasão ao Serviço Secreto” é um filme de ação genérico, com uma trama rasa e cenas de ação esquecíveis, algo mais apropriado para uma tarde de domingo cochilando no sofá do que para se gastar tempo e dinheiro em uma sala de cinema. Gerard Butler até se esforça nas cenas de ação, mas no fim das duas horas de duração a impressão que fica é que você vai esquecer do filme em menos tempo do que demorou para assisti-lo.

 

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4

NOTA

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