Expandindo cada vez mais seu universo cinematográfico, a Marvel Studios traz seu décimo sétimo filme para as telonas, adaptando dessa vez o super-herói Pantera Negra. Sendo o primeiro filme solo de super-heróis negros da Marvel, o filme opta por criticar a desigualdade racial, e o faz com louvor. Contando com um elenco majoritariamente negro, o filme consegue trazer muita identidade e representatividade para o universo de filmes de super-heróis, que até pouco tempo atrás possuia apenas adaptações estreladas por negros que foram fracas ou que foram canceladas.
ATENÇÃO PARA POSSÍVEIS SPOILERS!
Se passando uma semana após os eventos de “Capitão América: Guerra Civil”, acompanhamos o retorno de T’Challa (Chadwick Boseman) para Wakanda, uma nação fictícia localizada na África, para assumir o trono após a morte de seu pai, o rei T’Chaka. Porém após provar seu valor em um combate pelo trono e ser aceito pelas tribos de Wakanda, T’Challa perde seu posto de Rei após seu primo, Erick Stevens (Michael B. Jordan), o derrotar em um combate e tomar o controle da nação para dar continuidade em seu plano, que apesar de ter uma causa nobre, não traria uma real solução para o problema.
As motivações de Stevens, também chamado de Killmonger, são totalmente compreensíveis, reais e atuais. Mesmo não sendo possível concordar com seus métodos extremos para executar seu plano, que consiste em liderar Wakanda em uma guerra contra o mundo para defender e dar uma chance aos negros e oprimidos ao redor do Globo de se erguer e igualar aos brancos. Quando em cena, o vilão representa uma real ameaça e crítica ao extremismo ideológico, não partindo para humor ou piadinhas. Sua determinação e objetivos são de ferro, assim como suas críticas ao colonialismo.
Com uma versão “tribal tecnológica de Wakanda, o longa também aposta nas raízes do povo africano, apresentando diversos elementos como orgulho, respeito, tradições e cultura para imergir o espectador e explicar como funciona o estilo de vida Wakandano. É fácil se apegar aos personagens, que são carismáticos e divertidos, incluindo o vilão.
Com o roteiro de Ryan Coogler e Joe Robert Cole, o filme apresenta diálogos muito coesos e reflexivos sobre a sociedade atual, e como o colonialismo europeu gerou consequências negativas para determinadas etnias, principalmente os negros. A direção, também de Ryan Coogler, também ajuda a estabelecer um filme com bastante identidade e carisma. Como feito antes em “Creed” (2015), Ryan opta por colocar ação no filme em vários momentos.
Mesmo sendo um filme de uma franquia bastante conhecida, que precisa seguir certos parâmetros estéticos e narrativos, o diretor consegue impor a sua “marca”, principalmente em decisões criativas, vide a escolha da diretora de fotografia indicada ao Oscar, Rachel Morrison (“Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi”).