Crítica | Sra. Harris vai a Paris

ANTES DO FILME

Sra. Harris vai a Paris é a nova comédia que entra em cartaz nos cinemas brasileiros seguindo a história de uma faxineira londrina com um sonho grande que envolve uma paixão por um vestido. O filme estrelado pela indicada ao Oscar Lesley Manville é uma boa adição aos cartazes de cinema, especialmente para aqueles que buscam um bom filme leve.

DURANTE O FILME

No final da década de 50 em Londres, o filme segue Ada Harris (Lesley Manville), uma faxineira quase idosa que vive sua vida de maneira simples. Um certo dia, após ver um vestido de alta costura da Dior na casa de sua patroa, Ada, instantaneamente, visualiza um sonho: ela deseja um vestido tão luxuoso e elegante quanto aquele a qual seus olhos se impressionaram. Ada, então, inicia uma jornada para juntar todo o dinheiro necessário para a compra do vestido em Paris, cidade onde, à época, a única Maison Dior se localizava.

Sra. Harris vai a Paris não se preocupa em ângulos extravagantes ou grandes cenas, mas sim em criar uma atmosfera momentânea que cause ao espectador uma sensação de conforto – mesmo que para tal objetivo, os personagens devam passar por situações, no mínimo, desagradáveis. Ada não é uma protagonista grande, mas sim enxuta e suficiente ao modo em que seu pequeno universo é o suficiente para si mesma. Ela tem a companhia de sua amiga Vi (Ellen Thomas), que atravessa dilemas e pequenos grandes momentos de alegria com Ada na Londres dos anos 50. 

A narrativa se transforma a partir do momento onde Ada chega à Paris e encontra diversos descalços no seu caminho. Comprar um vestido da Dior não é tão fácil quanto parece, aliás, não parece nada fácil, afinal só o preço já é uma baita dificuldade – essa que Ada já tinha superado. Em Paris, um novo elenco surge, destacando-se Isabelle Huppert, Lucas Bravo e Alba Baptista. Todos os três estão ótimos e são personagens que cativam mesmo com papéis pequenos. Todavia, quem brilha mesmo é a ótima Lesley Manville, que esse ano também pode ser vista na premiada The Crown. A atriz captura uma sutileza única que caracteriza Ada não como mais uma convencida e tediosa, mas sim como uma pessoa cheia de inflexões que, mesmo tendo sofrido grandes perdas, ainda busca coisas incríveis. 

DEPOIS DO FILME

Apesar de suas ótimas intenções, Sra Harris vai a Paris, decepciona um pouco quando se trata em concluir uma narrativa singular. Há aqui, infelizmente, um bom amontoado de clichês e peças padronizadas desse tipo de filme. Desde o romance-impossível-nada-impossível aos vilões cartunescos sem motivações muito sólidas, o filme falha em criar uma sensação de realismo, mesmo que somente o suficiente. No entanto, o filme é cercado de qualidades admiráveis, especialmente as performances do elenco e os belíssimos figurinos. O filme é uma boa escolha para uma distração leve; afinal não é exatamente desejo dele atingir uma grande reflexão da vida humana. De certa forma, ele cumpre seu objetivo, mesmo que com alguns percalços. 

7

NOTA

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