SOBRE O LIVRO
PANTHER IS THE NEW BLACK: Representação e Cultura na Comunicação do Filme PANTERA NEGRA é o trabalho de conclusão do curso de Publicidade do Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva. Transformado em livro, trata do ‘impacto social e comercial da representatividade étnica no contexto mercadológico de Pantera Negra’. (PAIVA, 2019, p.133). Imerso no cinema, Rodrigo tece uma crítica à sétima arte sob a perspectiva de raça e sociedade dentro da realidade cultural afro-americana fundamentada no filme Pantera Negra (Black Panther, 2018). O autor desde o início e por mais de uma vez ressalta a sua posição como um homem não negro, portanto, não sendo detentor do lugar de fala do alvo de seu estudo. A capa, embora simples, é interessante e remete a HQs com desenho e pintura em preto e branco.
DESENVOLVIMENTO
A monografia do Rodrigo, de alguma forma, foi capaz de organizar na minha cabeça características antigas do cinema. Ao afirmar que o cinema trabalha com padrões e modelos, lembrei de minha indisposição em relação a algumas películas da famosa “Época de Ouro”, onde as mocinhas eram atrizes jovens, enquanto os galãs eram homens mais velhos com quase o dobro da idade das parceiras. Tanto os casais desses filmes quanto a minha aflição são resultados de padrões estabelecidos em cada época. Panther is the New Black, na introdução, me fez recordar do clássico O Sol é para todos (To Kill a Mockingbird, 1960), que retrata o racismo, a figura selvagem imputada aos negros e as injustiças contra os mesmos, ao mostrar a relevância comercial, não apenas como parte da indústria, mas também pela histórica desigualdade social, citando a difícil integração racial ocorrida nos Estados Unidos.
Rodrigo propõe um percurso construído a partir da análise dos espaços de disseminação de informações e cultura através de diferentes meios e fenômenos sociais. Diferente do passado, hoje o mundo experimenta sociedades cada vez mais multiculturais e segundo Rodrigo, essa pluralidade influencia diretamente a busca por representatividade como fator importante para o cidadão consumidor.Os que produzem entretenimento agora precisam ter a clara percepção daquilo que seus clientes se identificam, e a partir disso oferecer o que os faça sentir-se representados e empoderados.No livro também vemos a presença de personagens negros nos Quadrinhos e como eram retratados passando por Pelezinho a X-Men e o próprio Pantera Negra.
“O processo de construção identitária é dinâmico, as identidades estão em constante estado de (re)construção e um mesmo indivíduo exerce simultaneamente várias identidades, por exemplo, sexual, musical, religiosa, política entre tantas outras. […] Identificar-se como negro, no Brasil, é se posicionar contra uma imagem negativa. Essa expressão, geralmente, é empregada como sinônimo de pobre, criminoso e marginal entre outros.” (AQUINO; JÚNIOR; SILVA, 2014).
O filme Pantera Negra foi muito bem recebido pelo público e essa boa receptividade não foi apenas em relação ao conteúdo de ficção, mas também a crítica social e política presentes na obra cinematográfica. O diretor Ryan Coogler através de sua abordagem proporcionou aos telespectadores mais que um enredo de heróis tirado de quadrinhos, mas uma substancialidade humana alcançada pela comparação e relação com o cotidiano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por ser uma produção acadêmica isso seria suficiente para que eu o recomendasse. Mas para além desse fato, Panther is the new Black é uma leitura objetiva de um tema totalmente atual. Além do cinema, Rodrigo conseguiu concatenar outras áreas como história, filosofia e arte a partir da análise das influências e perspectivas da cultura e identidade negra. Acredito que essa monografia possibilita ao leitor a experiência de construir os aspectos sociais no cinema reunindo partes que, a não ser que se trate de uma obra metalinguística, não conseguimos perceber nas telonas.
FICHA TÉCNICA
Editora Simplíssimo
Autor Rodrigo Sérgio Ferreira de Paiva
Peso 0.277
Ano 2019
Páginas 168