Dramédia premiada de Alexader Payne estreia hoje em solo nacional
ANTES DO FILME
Após seis anos de seu último filme, o diretor e roteirista, Alexander Payne, volta aos circuitos comerciais de Hollywood com seu novo longa-metragem, “Os Rejeitados”, um filme de drama e comédia que chega hoje (11) aos cinemas brasileiros. O último filme do cineasta, “Pequena grande vida”, não foi muito bem recebido nem pela crítica e nem pelo público, porém o histórico do diretor fala por ele. Alexander foi duas vezes vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado (em 2005 por “Sideways” e em 2012 por “The Descendants”).
Com o lançamento dessa “dramédia”, o diretor mirou nas premiações e acertou em cheio, e pelo fato do filme ter estreado no final de outubro nos EUA, já conta com indicações e triunfos nas principais premiações do cinema. Os protagonistas Paul Giamatti e Da´vine Joy Randolph foram os escolhidos do Globo de Ouro nas categorias de Melhor ator de comédia e Melhor atriz coadjuvante respectivamente, além de 4 indicações na Long List do BAFTA (melhor filme, melhor roteiro original, direção e direção de elenco).
DURANTE O FILME
O filme começa no internato Barton, em Boston, no começo dos anos 70, durante o últimos dia de aula dos estudantes antes das festas de final de ano. Alguns alunos, por motivos variados, precisam passar as datas no internato, e é aí que conhecemos alguns alunos da instituição, entre eles o personagem interpretado por Dominic Sessa, Angus, que acredita que viajará com sua mãe para Stt. Kitts.
Assim, também conhecemos o professor de História, Paul Hunham (interpretado por Paul Giamatti), conhecido por ser um professor odiado por alunos e professores da Barton, e que é reconhecido pela rigidez e intransigência no trato com os alunos. Por mais um ano, Hunham passará o fim de ano na Barton com os alunos que foram deixados pelos pais.
Após Angus descobrir que sua mãe e seu padrasto o abandonaram para passar as festas no colégio, o jovem passa a integrar, contra a própria vontade, o grupo de estudantes que passaram as festas com o professor e com a líder da cozinha do internato, Mary Lamb, personagem interpretada por Da’Vine Joy Randolph e que perdeu seu filho na guerra do Vietnam.
Em um outro momento do filme 4 dos 5 meninos que ficaram na Barton, conseguem sair do internato para passar as férias esquiando com o pai de um deles, que possuí um helicóptero. Sobrando então apenas Angus, Mary e Hunham. Até então o filme explorava muito a comédia, após esse acontecimento o drama se acentua no roteiro. A passagem entre os gêneros é feita de forma brilhante por Alexander Payne, pois consegue dar peso aos dramas pessoais de cada personagem, enquanto ainda tira boas risadas do espectador com cenas envolvendo Paul e Angus.
APÓS O FILME
As atuações e dinâmica entre os personagens são o ponto mais alto do longa. O roteiro trabalha muito bem a interação entre cada personagem e intercala muito bem o drama e a comédia. Os conflitos pessoais de cada um ali é muito bem trabalhado, a solidão de Hunham, os problemas familiares de Angus e a dor da perda enfrentada por Mary são problemas enfrentados por muitos de nós, o que faz com que nós identifiquemos com os personagens.
Paul Giamatti interpreta com maestria o professor rabugento, enquanto Sessa convence como adolescente problema que sofre com abondono materno e o drama de seu pai. A química entre os dois atores salta aos olhos em todas as cenas do longa, tanto na comédia como em momentos dramáticos.
A personagem Mary, é a que possuí o drama mais sensível, pois envolve uma estrutura racial que era comum nos anos 70. Seu filho era estudante da Barton, mas diferente de todos ali, ele era negro e pobre, se alistou por conta da bolsa universitária para soldados, pois não tinha dinheiro para a faculdade. O sofrimento de Mary e sua evolução pela trama são comoventes e trazem um peso a uma trama tão intimista.
A trama é hábil em tratar temas como solidão e o conflito de gerações.
A fotografia e o trabalho de cor nos leva até os anos 70 de uma forma imersiva e nostálgica.
Os rejeitados é mais uma obra prima de comédia de Alexander Payne, e eu esperaria o tempo que for por seus próximos filmes.