Crítica | Malévola: Dona do Mal – A briga das 3 Rainhas

Malévola: Dona do Mal
Malévola: Dona do Mal

Angelina Jolie e Michelle Pfeiffer brilham, mas Malévola: Dona do Mal perde a mão ao tentar ser maior do que é, ao invés de pouco explorar seu potencial cômico que flerta no primeiro ato

Antes do Filme

Quando Malévola foi lançado em 2014, muito questionaram a necessidade de sua existência. Afinal, seria uma mudança radical no desenho clássico A Bela Adormecida (2014), pois a protagonista seria agora “A Senhora de Toda Maldade”, e não Aurora. Certamente, saíram algumas coisas boas do filme, como a atuação da elegante Angelina Jolie (Tom Raider) e seu figurino imponente impressionaram. Além disso, os efeitos especiais do mundo mágico e uma inocente Elle Fanning (O Estranho que Nós Amamos) pesam positivamente na balança. Apesar de não ser espetacular, o fato de ter sido o live-action mais visto da Disney — sem contar a franquia Marvel — e uma indicação ao Oscar de Melhor Figurino permitiram que Malévola: Dona do Mal fosse feito.

Enredo, Trama e Personagens

A continuação começa cinco anos após os acontecimentos de seu precursor. Após a derrota do Rei Stefan, Aurora é proclamada rainha dos humanos e Malévola rainha dos Moors. Com a paz prevalecendo, Príncipe Philip (Harris Dickinson, Beach Rats — substituindo Brenton Thwaites, comprometido como Robin na série Titãs) pede a princesa em casamento, que aceita. Assim, para celebrar a união das duas famílias, Malévola e sua protegida vão a um jantar com a Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer, Batman: O Retorno), mãe do noivo. A partir daí, esta mostra intenções ocultas que levarão a uma nova guerra entre os dois reinos.

Não há como falar de Malévola: Dona do Mal sem falar da atuação de sua personagem título. Primeiramente, boa parte da interpretação de Angelina Jolie é, curiosamente, cômica. Tentando causar uma boa impressão para a família do noivo, suas tentativas de aprender a sorrir com Diaval (Sam Riley, Free Fire) geram um hilário humor visual. Aliás, como consequência desse tom cômico, o momento mais marcante do longa é na divertida cena de jantar, onde ela e Pfeiffer trocam farpas. Claramente as atrizes estão se divertindo. E claro, quando precisa impor sua presença, Jolie e seus chifres tornam-se gigantes em tela.

Já Pffeifer também abraça a abordagem caricata de sua personagem desde sua primeira cena, quando brinca com um arco-e-flecha despropositadamente. Uma pena que não vemos mais interações entre Malévola e Ingrith. Por outro lado, Aurora funciona como um perfeito contraponto às duas, através de uma Elle Fanning que, ainda com seu carisma infantil, age de maneira muito mais ativa na trama, fazendo por merecer seu título de rainha.

Infelizmente, todo o resto de Malévola: Dona do Mal não é páreo para suas três rainhas. A começar pelo estranho CGI utilizado, principalmente na batalha do terceiro ato, que não condiz com o orçamento de um filme Disney. No mesmo sentido, saltam aos olhos todos os fundos de cenário extremamente artificias. Com uma boa duração, um dos maiores problemas da sequência de ação é justamente sua grandiosidade. Enquadrada por planos abertos pelo diretor Joachim Rønning (Piratas do Caribe 4), vemos somente o desenrolar da ação de maneira fria, enquanto, de fato, não há muito senso de perigo para as protagonistas.

Por mais esforçado que Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão), ninguém está ali para ver o que acontece com Conall. Diferentemente, Ed Skrein (Deadpool) é, desde início, um canastrão Borra que nada acrescenta à trama. O mesmo pode ser dito para as fadas que, apesar de fofas como sempre, são reduzidas à mero artifício de humor. Outro pobre coitado é Harris Dickinson que é imponente o suficiente para um príncipe — Aliás, o ator funciona tão bem em Beach Rats pela introspecção de seu personagem, algo que não acontece aqui.

Depois dos Créditos

Malévola: Dona do Mal é uma grande diversão quando assume um caráter mais descompromissado, deixando Jolie e Pfeiffer brilharem. Todavia, seu problema é tentar ser maior do que realmente é. Com um superficial subtexto sobre raça e xenofobia, juntamente com uma ação dominada por péssimos efeitos especiais (com a batalha sendo a versão genérica da de Sherk 3) e personagens secundários artificiais, a continuação não passa de um simples entretenimento para a garotada. Ainda assim, acho até que as crianças iriam preferir ver mais da Malévola tentando se ajustar ao mundo humano e seu forte potencial cômico do que a maioria dos arcos dramáticos do filme.

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4

NOTA

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