Crítica Disney+ | Percy Jackson e os Olimpianos

Série começa de forma segura e fiel aos livros, mas ainda não é o suficiente para se salvar do fracasso

Antes da série

Publicado em 2005, Percy Jackson e o Ladrão de Raios foi um sucesso instantâneo, seguindo pela porta que Harry Potter abriu para séries de livros de fantasia juvenis. Naturalmente, uma adaptação cinematográfica foi encomendada, mas saiu decepcionante: se o primeiro filme teve críticas negativas, o segundo foi feito apenas por pena aos fãs, mas que também não teve salvação. Mas os fãs de Percy Jackson não desistem nunca e em 2023 conquistam o que lhes era negado há mais de 10 anos: uma adaptação fiel aos livros produzido pelo próprio autor dos livros (Rick Riordan) e desenvolvido pelo Disney+.

Durante a série

Assim como nos livros, na série acompanhamos Percy Jackson (Walker Scobell), um garoto de 12 anos que descobre ser filho de deus grego. Acompanhado de Grover (Aryan Simhadri), um sátiro, e Annabeth Chase (Leah Sava Jeffries), outra semideusa, eles devem recuperar o Raio de Zeus, a maior arma do Olimpo. No dia 20 de dezembro, foram liberados os dois primeiros episódios de Percy Jackson e os Olimpianos, e a série segue bem fiel aos livros, com sets muito bem construídos (o Acampamento Meio-Sangue é lindíssimo). Também facilita que os atores mirins de fato são jovens o suficiente para serem adolescentes de 12 anos.

Quando o nome dos atores que interpretariam o trio principal foi anunciado, muito se falou sobre um Percy loiro e uma Annabeth negra, que não são as características descritas no livro sobre os personagens. Todos os atores mirins dão o seu melhor, apesar de um pouco nervosos por comandar uma franquia sob tanta expectativa. Scobell, descoberto após interpretar a versão mais jovem de Ryan Reynolds em O Projeto Adam, ainda tem chances de ser o Percy perfeito. Sua atuação segue uma linha sombria, que destoa muito do Percy debochado e piadista dos livros, mas seu histórico como ator nos mostra que ele tem muito a oferecer se o roteiro deixar. Simhadri entrega carisma e humor como ninguém, ele foi uma escolha muito bem acertada como Grover. Jeffries, por outro lado, se mantém misteriosa como Annabeth, e veremos mais dela nos próximos episódios.

Como toda adaptação, é claro que o tom da série deveria ser mais moderno, pensando que o primeiro livro foi publicado há 18 anos. Uma tentativa de fazê-lo foi mostrar a mãe de Percy, Sally (Virginia Kull), mais empoderada, que não abaixa a cabeça diante do padrasto do filho, Gabe (Timm Sharp). Kull e Scobell têm uma química muito bonita em cena, realmente vemos o afeto e o amor com que tratam mãe e filho. Glynn Turman e Jason Mantzoukas brilham em seus papéis como Quíron e Dionísio, respectivamente.

Durante o primeiro episódio, de cerca de 30 minutos de duração, tivemos duas lutas contra elementos da mitologia: uma Fúria e um Minotauro. Era de se esperar que os primeiros encontros de Percy com esses seres fosse empolgante e cheio de descobertas sobre sua nova vida; no entanto, as resoluções são fáceis e apenas parece que os monstros são tão fracos que até um semideus sem treinamento consegue vencê-los. Essa é uma falha global da série, uma vez que o Universo dos livros é tão grande e bem construído que merecia pelo menos episódios de 50min para explicá-los de forma satisfatória.

Depois da série

Ainda é cedo para saber se Percy Jackson e os Olimpianos será a adaptação que os fãs sempre sonharam. Sim, temos Rick Riordan como criador e produtor, e um elenco que entende o peso que é carregar o manto do trio protagonista. Mas se tem uma coisa que a Disney e o legado de Percy Jackson nos deixou, é de manter as expectativas baixas para os próximos episódios e, quem sabe, futuras temporadas. Quem sabe assim nós nos surpreendemos com a série nos entregará.

7.5

NOTA

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