Crítica | Campo do Medo – O Campo do Tédio

Campo do Medo

Campo do Medo, a mais nova adaptação de uma obra de Stephen King nos cinemas, é um filme de terror medíocre e entediante. Recheados de clichês e estereótipos, Campo do Medo é mais um Original Netflix esquecível.

Antes do Filme

Stephen King é um grande escritor, sua maestria no gênero do terror é inigualável e muitas de suas histórias marcaram (e traumatizaram gerações). Agora, isso não significa que qualquer coisa que ele escreve deve obrigatoriamente virar um filme. E se virar, nada indica que ele será bom. E Campo do Medo é um desse filmes.

Escrito primeiro como um conto para uma revista junto com seu filho Joe Hill (que também é escritor), Campo do Medo é mais um erro da Netflix em produções originais, o longa erra em absolutamente tudo que tenta e até no que não tenta.

Trama e Roteiro

O filme é baseado em um conto escrito por Stephen King e Joe Hill (filho de King) e conta a história de uma mulher grávida viajando de carro pelo centro dos Estados Unidos com seu irmão quando eles ouvem o pedido de socorro de uma criança vindo do meio de um matagal. A partir daí segue uma trama rocambolesca que envolve possessões sobrenaturais, paradoxos temporais e uma grande pedra entalhada no meio do campo.

O filme é dirigido e roteirizado por Vincenzo Natali (diretor de “O Cubo” e de diversos episódios em séries de TV) e conta com a cinematografia de Craig Wrobleski. Ambos são profissionais experientes em Hollywood, mas o filme nunca sai da mediocridade; seja com uma fotografia morta e demasiadamente escura, que dificulta acompanhar as cenas, ou com uma edição preguiçosa, que decupa as cenas da maneira mais simples possível.

A trama do filme até tem seus momentos interessantes, em que você se prende no mistério do matagal, mas os personagens são tão rasos que eles acabam afastando o telespectador do filme.

Personagens e Atuações

O roteiro raso de Campo do Medo não ajuda muito os personagens, que acabam não sendo mais do que estereótipos sem muito desenvolvimento além de gritar ocasionalmente. Will Buie Jr. funciona bem no papel de “criança assustadora” que Stephen King adora em suas histórias e Laysla de Oliveira e Harrison Gilbertson tem uma química boa, mas seu relacionamento acaba sendo pouco explorado e deixa a impressão que há muito que não contado (ou mostrado). Avery Whitted interpreta o irmão de Laysla, Cal, que aparenta ser um personagem normal, mas que subitamente se transforma em um vilão bizarro, também sem muito desenvolvimento. Na verdade, fica até difícil de se criticar as atuações do filme visto o pouquíssimo desenvolvimento que os personagens têm em tela.

Ator de maior destaque na produção, Patrick Wilson (“Invocação do Mal 1 e 2” e “Aquaman”) interpreta um agente imobiliário e ex-cantor gospel que também se perdeu no amaldiçoado matagal com sua família e que é “possuído” pela pedra. O seu personagem, Ross, então começa a perseguir os jovens enquanto exclama sobre as maravilhas e os milagres realizados pela pedra. Fica claro que o personagem de Ross está ali para fazer uma alegoria com religiões organizadas, mas essa alegoria acaba silenciada por todos os gritos e exageros de Wilson.

Depois dos Créditos

Por fim, Campo do Medo é um filme insípido, que não sabe trabalhar o terror nem de uma maneira mais rasa, sendo com jumpscares e técnicas semelhantes, nem de uma forma mais profunda, lidando com a psique e a tensão do telespectador. O roteiro é carente de ritmo e desenvolvimento e as atuações são, em sua maioria, esquecíveis. É aproximadamente a quinta adaptação de uma obra de King para as telas nesse ano, e certamente é uma das piores.

Leia também nossa crítica de It – Capítulo 2!

Campo do Medo

3

NOTA

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