Existem filmes que terminam e nos deixam com a sensação de incompletos. Parece que piscamos e perdemos algo tão importante que simplesmente não conseguimos entender o que aconteceu. Isso geralmente é causado por um desconforto de quando esperamos que as ações façam sentido e nos levem para algum caminho, quando muitas das vezes mais vale a história que foi passada do que o final apresentado.
Dirigido por Brady Cobert (diretor do filme A infância de um líder) Vox Lux veio para causar estranhamento ao público. O filme, que começa com os créditos finais, conta a história de Celeste (interpretada na infância por Raffey Cassidy e depois na vida adulta por Natalie Portman), uma cantora que chega ao auge da fama na virada do milênio.
Celeste Montgomery é uma menina que sofreu um acidente após um tiroteio em massa no seu colégio e com a ajuda da irmã, escreve uma música que causa identificação nas pessoas e acaba virando um hino para a nação, o que a faz dar um salto em sua carreira.
Dividido em 3 capítulos, o filme nos mostra as duas facetas da personagem que pode ser dividida na sua vida enquanto jovem com um jeito inocente e comprometido, e na sua vida adulta, na qual Celeste vira uma cantora em decadência, que vai de contraponto com as suas características aos quatorze anos. Agora cheia de problemas emocionais, apresenta um mal relacionamento com a sua filha e com a irmã.
Apesar de trazer um enredo brilhante, o filme é sobre tudo o que esperamos encontrar na vida de um astro da música que ao longo da carreira se vê cada vez mais afundado em contraste com o seu sucesso profissional. Embora, não possamos deixar de lado as críticas abordada ao longo da trama alinhada as falas da personagem, como quando Celeste responde a coletivas de imprensa falando que deu respostas vagas iguais aos políticos.
Embora Brady Cobert tenha sido ambicioso, acabou pecando em alguns aspectos. As narrações mesmo que impecáveis de Willem Dafae ficam constantemente interrompendo o filme, jogando ao público uma massa de informações em um curto período de tempo. Portanto, mesmo que o filme apresente boas cenas, estas ficam desconexas pela falta de objetivo.
Mesmo com a narração, figurino e fotografia trazendo traços que nos fazem lembrar o longa “Cisne Negro” de Aronofsky quando uma jovem é levada ao extremo , a própria performance artística de Natalie Portman vai além do esperado trazendo vida ao personagem.
Podemos dizer que Vox Lux deixou a desejar. O filme que conta com frases impactantes (“Acho que quando conhecemos alguém que vai ser importante na nossa vida isso nos força a olhar para o passado”) tinha todo o enredo de uma história forte capaz de impressionar, mas não foi o que aconteceu.