Crítica | Jumanji: Próxima Fase – Mais do Mesmo

Jumanji

"Jumanji - Próxima Fase" é mais uma aventura no já conhecido universo de Jumanji. Com pesos pesados no elenco como Dwayne Johnson, Jack Black, Karen Gillan e Akwafina, "Jumanji - Próxima Fase" acerta na comédia, mas esquece de uma história cativante para acompanhar as sequências de ação, sendo mais do mesmo para os ansiosos para um retorno ao mundo de Jumanji.

Antes dos Créditos

Jumanji é um caso curioso: poucos leram o livro, alguns viram o filme original com Robin Williams e muitos viram sua nova versão, vinte anos depois, com Dwayne Johnson e companhia. Assim a simples trama de um jogo de tabuleiro que imerge os jogadores em seus desafios perdura por décadas, sem dar sinais que pretende desacelerar.

A história desse novo Jumanji é simples. Mesmo após os acontecimentos e amigos feitos no primeiro filme, Spencer (Alex Gilpin) ainda tem problemas com autoestima e se sente alienado estudando em uma cidade grande e decide voltar ao jogo sozinho. Lá ele pode ser um homem forte e decidido, o Doutor Bravestone (vivido por Dwayne Johnson) em vez de um adolescente inseguro. Logo ele é procurado por seus amigos, que contam com a ajuda do avô de Spencer, Eddie (Danny  DeVitto) e seu antigo colega Milo (Danny Glover). Juntos eles voltam ao universo de Jumanji, que agora tem novas missões para seus jogadores…

Trama e Roteiro

Dirigido novamente por Jake Kasdan, filho do diretor de “O Império Contra-Ataca” Lawrence Kasdan, “Jumanji – Próxima” Fase continua trabalhando com o que sabe: cenas de comédia ancoradas a um forte elenco e sequências de ação com bom ritmo e clareza. Pode não ser nada muito elaborado, mas você não fica perdido ou entediado no longa, mesmo que para efeitos de roteiro ele seja extremamente semelhante com o Jumanji de 2017. Lá Spencer e seus colegas Fridge, Martha e Bethany ficam presos dentro de um videogame e só conseguem sair após aprenderem a trabalhar em equipe e valorizar suas qualidades. Nessa nova obra a única novidade narrativa se dá na introdução dos personagens de Danny Glover e DeVitto, atores com grande experiência na comédia que trazem nova vida ao filme.

O roteiro de Kasdan com Jeff Pinkner e Scott Rosenberg (que também roteirizaram o longa de 2017) segue o mesmo esquema do primeiro: ao chegar em Jumanji os protagonistas recebem um mapa e um objetivo, separado em três fases. Também há um vilão genérico, interpretado por Rory McCann (o Cão de Guarda de Game of Thrones) que faz mais caras e bocas do que qualquer coisa. Os protagonistas demoram a se acostumar com seus avatares, brigam e morrem algumas vezes, mas no fim se juntam para salvar o dia. O problema da trama não é ser mal feita ou mal executada, e sim ser igual a do primeiro filme, o que traz uma sensação constante de dejá vu. A diferença na trama de “Próxima Fase” é no arco de Eddie e Milo, que trata de questões como velhice e as mágoas da vida de uma maneira extremamente sincera e emotiva.

Personagens e Atuações

O que o filme não tem de criatividade no enredo ele tem nos seus personagens e atuações, utilizando bem as diferentes personalidades dos protagonistas e os diferentes estilos de seus avatares no jogo com sucesso cômico. Nesse ponto a introdução de Eddie e Milo são extremamente benéficas, com as picuinhas e discussões dos personagens ajudando a movimentar a trama e boas piadas sobre a incapacidades dos velhinhos de compreenderem que estão em um jogo de videogame e quais são suas regras. Outra nova adição é a personagem de Akwafina como uma personagem no jogo, no caso uma gatuna com múltiplas alergias.

No restante do elenco há que destacar o brilho de Jack Black (Professor Oberon) e Karen Gillan (Ruby Roundhouse), o primeiro agora interpretando o atleta Fridge no lugar da popular Bethany do primeiro filme. Eles têm boa química juntos e são responsáveis por avançar boa parte da trama do filme. Dwayne Johnson está carismático como sempre (não é por nada que um de seus atributos no jogo seja o “Olhar 43”) e ele mostra seu alcance cômico ao interpretar com exatidão o estilo anárquico e ranzinza de Danny DeVitto. Até Kevin Hart, lembrado mais por seus gritos e estripulias do que pela comédia, está bem no seu papel, principalmente pelo estilo mais contido que ele tem que buscar ao fazer sua versão do Milo de Danny Glover.

Depois dos Créditos

“Jumanji – Próxima Fase” é uma continuação que parece mais uma cópia do original, seja para o bem ou para mal. O humor e a ação continuam, e a boa química do elenco também, mas também estão lá os vilões genéricos e a trama rasa, agora com o fato que de que já vimos isso antes e não há mais fator de surpresa. Uma pena que o filme seja tão igual, pois as poucas coisas diferentes que ele tenta, como a introdução dos personagens de Danny DeVitto e Danny Glover, funcionam muito bem. No fim, fica um gosto amargo do que mais o filme poderia ser se tivesse um pouco mais de ambição.

 

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