Baseado em um romance de Julia Quinn, a série Bridgertons estreou na Netflix com produção da renomada roteirista, Shonda Rhimes. A adaptação gira em torno de uma família da aristocracia britânica e a jornada da filha mais velha em busca de um casamento vantajoso.
Durante a série:
Daphne Bridgerton é a primeira filha a debutar, além de ser a jovem com maiores chances na temporada social de Londres, — com aprovação da própria rainha. Ela é bonita, inteligente e sabe como se fazer notar, mesmo assim acaba perdendo todos os pretendentes. Isso graças ao perfeccionismo e gênio forte de seu irmão, Anthony (Jonathan Bailey).
Mas ela percebe que nem tudo está perdido quando descobre que o melhor amigo de seu irmão é o próprio Duque de Hastings (Regé Jean), que, por acaso, está fugindo das mães casamenteiras de Londres. Juntos eles bolam um plano de fingir um enlace, ele com o objetivo de se ver livre da pressão de aceitar uma jovem e ela, de encontrar um bom partido.
O Duque é um homem complexo, fechado e que não perde tempo com gentilezas. De início, vemos o choque entre a personalidade dele e a de Daphne, mas aos poucos percebemos a astúcia e resistência da jovem.
Apesar da série retratar um momento histórico pautado em valores patriarcais, o enredo da adaptação faz isso com muita responsabilidade. Ainda vivendo em uma sociedade em que não tem voz, Daphne jamais permite que suas vontades sejam negadas. As mulheres da família Bridgerton, em geral, não têm medo de serem autênticas, principalmente Eloise (Claudia Jessie) que questiona repetidas vezes o papel social que cabe a ela. E as personagens femininas que cativam não ficam apenas na família principal.
Penelope Featherington, vizinha da família e melhor amiga de Eloise, é uma grande surpresa. Por trás da personagem tímida, vemos dramas profundos, principalmente por não se encaixar em estereótipos sociais. Além dela, temos outros dramas secundários como o de seu pai, da sua prima e da própria rainha.
Bridgertons vai além do romance central, apesar de aprofundar neste aspecto. Trata de inúmeros dramas, mas sem deixar de ser leve. Importante ressaltar que é uma produção colour blind, ou seja, questões raciais não interferem na história. Sendo assim, a representatividade é um dos pontos auge, onde temos negros em posições de poder e prestígio.
As atuações e o elenco escolhido são impecáveis, pois todos conseguiram transmitir, de forma singular, a humanidade dos personagens. Penelope Featherington e sua mãe Portia, são excepcionais. Chegamos a torcer por elas, mesmo que a segunda esteja longe de ser uma personagem boazinha. Também temos Anthony, Benedict e Eloise, com essências completamente diferentes, mas que passam muita verdade para quem está assistindo. Quanto ao casal principal, a atuação do Duque foi impecável. Sua arrogância, a timidez disfarçada, até mesmo a voz imponente foi muito bem trabalhada. Entendemos como seu passado afeta seus relacionamentos interpessoais. Já Daphne, que vem de uma família unida, apesar de passar a inteligência, o domínio das práticas sociais, a altivez necessária e não ficar muito atrás na atuação, deixa a sensação de falta, principalmente nas cenas emotivas.
Depois da série:
Com uma mistura de romance, drama, luxo e muita sensualidade, Bridgertons é uma série muito bem construída, que vale a pena ver e rever, porque não perde a emoção inicial. O visual é extremamente agradável, com uma paleta de cores que remetem ao frescor que a história evoca. O enredo de fofocas e intrigas é extremamente instigante, mas ao mesmo tempo faz pensar. Não à toa, a série já está renovada para a segunda temporada e ainda está no ranking da Netflix, desde sua estreia no dia 25 de dezembro.