Ler uma ficção é como embarcar num mundo criado na mente de alguém e externado através de palavras. Algumas fizeram e fazem tanto sucesso que saíram do campo da literatura e adentraram outras áreas. Separei cinco ficções de diferentes temas e autores que de tão conhecidas e influentes podem ser chamadas de clássicas.
5. O Corvo (Edgar Allan Poe – 1845)
O Corvo é um poema de Edgar Allan Poe traduzido para o português por nomes como Fernando Pessoa e Machado de Assis. É a história de um homem que perde sua amada e em uma noite, após ouvir barulhos na porta de sua casa, é surpreendido pela presença de um corvo falante, mas que se limita a apenas dizer “nunca mais”. Todos os seus pedidos para que o animal o deixe têm como resposta a única frase falada pela ave. O protagonista passa a conviver com o animal em seu quarto e a tensão e o medo do personagem crescem até que, enfim, percebe que não há o que possa fazer para mudar seu destino. Em 1963 virou filme e contou com a atuação de Jack Nicholson.
4. Nós (Ievguêni Zamiátin – 1924)
Sobre Nós já temos resenha disponível aqui no site. Livro escrito após a Revolução Russa e censurado no país, conta a história de um mundo onde a matemática é a linguagem oficial. No decorrer do livro acompanhamos a angústia do personagem principal, D-503, ao desenvolver emoções que desfazem e questionam a padronização e controle exercido pelo Estado. Embora tenha influenciado muitos escritores importantes da distopia, Nós é uma obra que há pouco tempo veio ao conhecimento do grande público.
3. Frankenstein (Mary Shelly – 1823)
Um clássico do terror, Frankenstein, foi escrito por uma mulher há mais de dois séculos. Antes mesmo de completar 20 anos, a jovem Mary Shelly inovou ao escrever sobre ciência e a criação da vida a partir da morte. De acordo com a própria autora a ideia deste livro ocorreu durante o desagradável verão de 1816, quando Lord Byron desafiou seus convidados a escreverem histórias de terror.
Criado através de um experimento, o ser sem nome é abandonado por seu criador, Victor Frankenstein. Ao contrário da clássica cena interpretada por Colin Clive em 1931, o cientista não celebra o sucesso de sua experiência aos gritos de “It’s Alive!”, mas foge assustado. Passado algum tempo, o ser reencontra o cientista, mas Victor, que outrora dedicou tempo e saúde ao seu propósito, passa a sentir horror pela obra que fizera. Rejeitado, humilhado e excluído, a criatura passa a desejar ter uma companheira e recorre a Victor para realizar seu desejo.
Em Frankenstein podemos notar aspectos de âmbito social como causas das ações do protagonista e a interferência humana na relação entre a vida e a morte. No cinema, em 1931, o monstro de Frankenstein ganhou vida nas telonas, além de outros filmes na sequência.
2. Moby Dick (Herman Melville – 1851)
Escrito na segunda metade do século XIX pelo norte-americano Herman Melville, Moby Dick não foi bem recebido e por muitos anos caiu no esquecimento junto com o seu autor. Embora um enredo conhecido, esse conhecimento, na maioria das vezes, é superficial, reservando à Moby Dick apenas à alcunha de “A baleia assassina”.
Mas Moby Dick é mais que isso. Podemos resumir a história como a vingança de um cachalote. Ishmael, sobrevivente da tragédia, é quem narra os planos de vingança de Ahab, capitão inconformado por ter perdido a perna para o animal. Negligenciando sua própria experiência e as histórias contadas por outras pessoas sobre o animal. Portanto, também podemos dizer que é um livro sobre obstinação e suas consequências.
A obra apresenta detalhes citológicos impressionante que destacam o empenho e dedicação do autor à pesquisa referente aos cachalotes. É repleto de citações e referências que vão da Bíblia a Shakespeare. Em Moby Dick também está presente a preocupação com o meio-ambiente, as diferenças étnicas e a prejudicial caça às baleias na década de 40 do século XIX. Em 1956 foi adaptado para o cinema e estrelado por Gregory Peck.
1. A Peste (Albert Camus – 1947)
Trata-se de uma das mais importantes obras do escritor franco-argelino ganhador do nobel, Albert Camus. Infelizmente, assim como a fictícia cidade de Oran, hoje enfrentamos uma crise sanitária que coloca todas as camadas sociais do mundo em alguma vulnerabilidade diante do novo vírus.
Escrito em 1947, Camus teve como inspiração a Europa da década de 40. Para alegorizar os nazistas usou ratos que infestaram a cidade. Os habitantes de Oran, assim como os roedores, também sucumbem ao mal, o que faz com que cheguem à conclusão de que enfrentam uma peste. Seus personagens desempenham as funções como de prefeito, juiz, jornalista e padre para representar os poderes judiciário e executivo, a liberdade de expressão e a religião.
As consequências da epidemia fazem com que surjam questionamentos acerca do sentido da vida, o absurdo e a bondade, temas recorrentes na obra do autor. A morte não privilegia ninguém. A Peste explicita o desafio da escolha diante da total impotência e, talvez, indiferença nas consequências da ação ou omissão. Virou filme em 1992 pelas mãos do premiado diretor argentino Luis Puenzo.
Se você leu até aqui, te agradeço, peço que compartilhe e comente o que achou. Não esqueça de dizer qual das cinco histórias acima é a sua preferida e qual ficção não estaria de fora da sua lista.