Crítica HBO Max | The Idol – Série Só Serve No Imaginário Masculino

O grande problema da série é achar que peitos e bundas substituem um bom roteiro

Antes da série

A ideia original era mostrar o machismo na indústria musical e cinematográfica, uma crítica à realidade das artistas que são manipuladas por seus empresários e empresas de entretenimento. No entanto, o resultado acabou sendo uma série sobre uma cantora manipulada pelos homens à sua volta. Criada por Sam Levinson (que também desenvolveu Euphoria) e Abel Tesfaye (The Weeknd, ele mesmo, o cantor), a série teria o toque de Amy Seimetz, que abandonou o projeto com 80% das filmagens concluídas. Levinson assumiu o trabalho e refez a série ao seu modo característico.

Não é de hoje que os dois produtores se envolvem em polêmicas. Levinson já foi muito criticado pelo rumo que Euphoria tomou na segunda temporada, sem muita conexão com o primeiro ano da série e com excesso de nudez, sexo e drogas. Já sobre The Weeknd, suas letras de música não costumam ser muito pró-mulheres.

The Idol traz Jocelyn (Lily-Rose Depp), uma cantora de sucesso que acaba de perder a mãe, mas tenta voltar à carreira. Em meio a drogas e festas, ela conhece Tedros (Tesfaye), guru e dono de uma boate underground, com quem tem um relacionamento duvidoso.

Durante a série

É complicado falar sobre uma série que não possui um roteiro elaborado e nem muita atuação. Lily-Rose Depp não herdou nem metade do carisma de seu pai, Johnny Depp. Parece que a escolha da atriz (se é que podemos chamá-la assim) foi puramente baseada em contatos. O único destaque vai para sua voz, já que Jocelyn é uma cantora de sucesso; e Depp de fato canta bem suas músicas (mas infelizmente não dança).

Esse não é o primeiro trabalho cinematográfico de Tesfaye, mas parece. Sua atuação em parecer um bad boy apenas mostra o quão forçado e mal escrito é seu personagem. A série ainda conta com nomes importantes da música mundial, como Jennie (Blackpink) e Troye Sivan, mas não há espaço para ninguém além dos protagonistas.

Até o momento, apenas dois episódios foram liberados e, ao final, pouco se sabe sobre o relacionamento tóxico entre Jocelyn e Tedros. Mesmo depois de (muito) sexo (mal feito), ainda não conhecemos as motivações de Tedros e nem por que a cantora se envolve com ele, com sua carreira por um fio.

O excesso de nudez (do corpo feminino, é claro) e a falta de roteiro condenam a série. Momentos em que mulheres não precisam estar nuas para cumprir suas cenas; fetiches e fantasias sexuais que não acrescentam nada à história, e só funcionam no imaginário masculino. Tudo isso é incentivado, e quando alguém tenta cortar esse excesso, é ridicularizado (como visto na cena do primeiro episódio, em que o coordenador de intimidade é tratado de forma desrespeitosa). Conhecemos essa fixação de Levinson desde 2019 (estreia de Euphoria), mas pelo menos Euphoria conta com Zendaya e uma ótima fotografia. Não há como salvar The Idol.

Depois da série

Resta apenas torcer para que a HBO cancele The Idol.

3

NOTA

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