É, eu estou atrasada. Terminei de assistir Anne With An E na Netflix mês passado e eu precisava escrever sobre a série, nem que fosse uma notinha.
Anne With An E é uma daquelas produções sobre a qual não é possível dar spoilers. A sinopse na plataforma de streaming é apenas “neste filme (sic) baseado no livro ‘Anne de Green Gables’, uma impetuosa órfã é adotada por engano por um casal de irmãos solteirões do interior”. Tá bom, Netflix, mas e daí?
Acontece que nada é tão óbvio no começo. Anne começa como uma órfã ruivinha, tagarela e que usa a imaginação para fugir de sua realidade sofrida. É estranho pensar como Anne, que nunca teve nada, pode ser tão dramática e mimada (e um pouco irritante no começo). Mas aprendemos, na série, a dar segundas chances; seja para Anne, depois de muitas situações desagradáveis; seja para Bash ou os índios que, devido à sua cor de pele, são tratados tão mal pela sociedade.
A comunidade de Avonlea, no Canadá, onde se passa a história, é típica de uma cidadezinha: existe muita fofoca, boatos e julgamento. No começo, Anne se sente completamente deslocada, mas isso não a impede de crescer, seguir e se inserir na comunidade como membro de grande importância. A protagonista, em seu mundo imaginário e com cabeça fértil, também tem pés no chão e se preocupa genuinamente com sua nova família e seus amigos.
Apesar de a trama se passar no final do século XIX, a série aborda assuntos que até hoje são debate na nossa sociedade atual. Os temas de preconceito, racismo, amizade, liberdade de expressão, conservadorismo, feminismo, religião, educação, amor e suas diversas formas, casamento, entre muitos outros, permeiam a vida de todos em Avonlea.
A personagem de Anne é brilhantemente construída por Amybeth McNulty, que nasceu para o papel de uma menina iluminada e perseverante. Nós nos emocionamos com suas histórias vívidas, recitações intensas e capacidade de motivar uma turma a fazer uma manifestação contra o conselho municipal. A luz de Anne é contagiante: nos faz olhar para nós mesmos e nos faz sentir felizes por estarmos vivos.
Eu, pessoalmente, ainda não aceitei como a Netflix pôde cancelar uma série tão bonita como Anne With An E. Existe tanta coisa ainda para acontecer: quais serão as aventuras de Anne na faculdade? o amor irá florescer entre srta. Stacy e Bash? como será o relacionamento a longa distância entre Gilbert e Anne? A série de livros acompanha Anne até a idade adulta, então, muito ainda acontece com a protagonista.
Fãs agora estão pedindo que outras produtoras, como a Disney+, adquiram os direitos da série e continuem o trabalho de onde a Netflix parou. Infelizmente, por enquanto, teremos que nos contentar com as três únicas temporadas dessa adaptação do clássico da literatura canadense.