Resenha | Horror Noire – A Representação Negra no Cinema de Terror

O Horror e filmes de terror tem gerado cada vez mais atenção, e a negritude não pode se calar quando o caminho para ganharem seus merecidos holofotes foi árduo. É uma experiência de leitura singular.

SOBRE O LIVRO

Horror Noire, da professora Robin R. Menas Coleman, nos traz um retrato da representatividade negra na cinematografia de terror, ou inicialmente, a sua grande ausência. Descrita de forma a ser um relato em moldes de documentário, entraremos de cabeça nessa temática que demonstra a impactante diferença de filmes que tem apenas a presença de personagens negros — e que muita das vezes são extremamente problemáticos e racistas — para os filmes direcionados ao público negro, onde dados do livro demonstram que a maior parcela dos que assistem o gênero são eles. 

 

DESENVOLVIMENTO E NARRATIVA

É interessante o quanto a temática é importante, e vê-lo representado numa obra nos faz entender a relevância em ser falado — levando a uma boa reflexão de até onde o racismo pode chegar. De modo pontual e certeiro, a autora nos faz entender perspectivas que podem não ser nossa realidade, no entanto é o retrato de uma parcela da população. Sua vasta e detalhada pesquisa, que se entremeia por décadas de informações, nos revela parte da trajetória negra dentro de Hollywood.

 

“A negritude foi inviabilizada com brancos usando pintura blackface, por meio de uma desvalorização cultural (sem resposta contrária) e uma exclusão total. Apesar disso, o ponto a se levar em conta é que “filmes negros” de terror hoje em dia são muitos progressistas, enchendo o gênero com tudo, desde exterminadores intelectuais e (úteis) feiticeiras até rappers cannibais. Já foi dito antes e é digno dizer isso novamente: estamos de volta.” pág. 347

 

O fato da escrita trazer em ordem cronológica os filmes que exemplificam esse assunto — desde A Noite dos Mortos Vivos (1968), Mistério de Candyman (1992) e o premiado Corra! (2017) — é fácil enxergar de forma clara a diferença da representatividade antes e depois. E não somente, ainda temos a opinião sobre aspectos sociais e ambientais que englobam esse meio. A fala da professora é marcante e reverbera aquilo que muitas vezes acabou sendo silenciado. Reitero que seus minuciosos pontos e a preocupação de destrinchar o máximo possível de cada elemento, cada tópico, nos faz devorar as páginas.

É perceptível que existe ainda aspectos que devem ser melhorados dentro desse universo — e a autora não deixa isso passar — entretanto, visto de modo amplo, a mudança aconteceu e veio para ficar. O Horror e filmes de terror tem gerado cada vez mais atenção, e a negritude não pode se calar quando o caminho para ganharem seus merecidos holofotes foi árduo. É uma experiência de leitura singular.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo fluido, a leitura é um prato cheio as cinéfilos, principalmente aos amantes de horror, e para aqueles que se interessam em entender até onde o racismo pode ser enraizado — nem nas consideradas formas de artes ele deixou de existir. Acredito que seja uma leitura obrigatória para todos do meio, e o fato de termos uma edição que é primorosa com detalhes que chamam atenção — é de capa dura, possui a lombada toda na cor preta, com diversos cartazes de filmes no final e detalhes dentro da diagramação —  fica ainda mais tentador adquiri-lo. Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror faz parte da coleção Dissecando, da DarkSide Books — dedicada a revelar os bastidores e a história de grandes produções audiovisuais e seus imortais criadores.

 

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Título: Horror Noite – A Representação Negra no Cinema de Terror

Formatos de vendas: livro físico

Tradução: Jim Anotsu

Páginas: 464

Gênero: Não Ficção

Formato: 16 x 23 cm

ISBN: 9788594541819

Ano de publicação: 2019

 

 

9.5

NOTA

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