Resenha | Amsterdam

ANTES DO FILME

Seis anos após seu último filme Joy, o polêmico diretor David O’Russell está de volta às telonas com um novo thriller-cômico em meio a uma série de acusações de abuso tanto dentro quanto fora do set. A trama principal do filme consiste na união de três “improváveis” amigos unidos para descobrir quem matou um velho conhecido dos protagonistas. O filme conta com um elenco recheado de nomes como Anya Taylor-Joy, Taylor Swift e Robert De Niro, além do trio composto por Christian Bale, John David Washington e Margot Robbie.

DURANTE O FILME

O filme, por mais que o título deixe pensar o contrário, é seu típico murder mystery nova iorquino. Se passando no início dos século XX, no período entreguerras, Amsterdam usa fortemente de cenários externos, peças da época e outros apetrechos que remetem àquela época para causar uma sensação de cronismo válida para o público. No entanto, ao passo em que o filme se fortalece como uma obra técnica de época, ele se perde no que diz aos seus pilares narrativos. Infelizmente, o mistério aqui não vende suficiente para suas pouco mais de duas horas de filme.

Talvez o que mais prejudica o filme seja seu emaranhado e confuso roteiro. De fato, o mistério não precisa ser entregue ao público de forma mastigada, há sim a possibilidade de certas camadas que permitam o espectador se por como agente ativo desta resolução, todavia em Amsterdam parece que a escolha tanto do texto quanto da direção é provocar ao espectador em um sentimento de perdição, ou seja, distraí-los do embolado e inconclusivo argumento em pró de belas imagens, tiradas satíricas e um elenco de nomes grandes. 

O elenco é grande e recheado como previamente mencionado e, de fato, ninguém aqui está ruim. No entanto, um problema se traduz que mesmo ninguém decepcionando, poucos realmente se destacam – entra nessa lista Christian Bale, que parece ser um dos únicos intérpretes aqui que tentou entregar algo além do comum. Margot Robbie e John David Washington carecem de carisma… quase que totalmente; Margot que já se provou ser uma atriz de talentos excepcionais, dessa vez escolhe o piloto automático como sua máquina matriz. Há de se aguardar se seu trabalho em Babilônia, que estreia no final do ano, vai trazer o “quê” que a atriz possui e carece aqui.

DEPOIS DO FILME

Mesmo ignorando o passado de David O’Russell não há de se negar que Amsterdam é um ponto negativo em sua filmografia. Infelizmente uma premissa interessante, atores a-list e visuais chamativos não são suficientes para o feitio de um bom murder mystery quando se falta o principal: um bom conglomerado de decisões narrativas que promovam a surpresa e, claro, a coerência narrativa. Amsterdam tem um humor levemente ácido e, por muitas vezes, realmente engraçado. 

6

NOTA

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