Resenha | A Revolução dos Bichos

SOBRE O LIVRO

Provavelmente você já ouviu o nome de George Orwell, um dos maiores escritores ingleses do século XX, o qual ganhou destaque no mundo todo por muitas de suas obras, dentre elas, A Revolução dos Bichos.

Muitos livros são esquecidos ou apenas se encaixam em um determinado momento do passado e lá permanecem. Outros, como é o caso deste, atravessam gerações e ressignificam o contexto sociopolítico em que o leitor se encontra.

Devido à sua fama e relevância atemporal, o livro recebeu diversas adaptações com o passar dos anos. A versão recente para quadrinhos do ilustrador gaúcho Odyr, publicada em 2018, é uma dessas interpretações. Através dos traços do brasileiro, a obra de Orwell ganha vida em um trabalho impecável que vale a pena ser conferido.

DESENVOLVIMENTO

A história se passa na Granja Solar, local onde um grupo de animais vive sob os cuidados do Sr. Jones, o fazendeiro. No entanto, Jones muitas vezes deixa os animais em situação de maus-tratos, o que sempre gerou um sentimento de injustiça, mas que nunca havia sido manifestado até a morte do Porco Major. Em seu leito de morte, Major compartilha seu sonho de viver em liberdade e induz os outros bichos a se organizarem em busca de melhores condições de vida.

Após sua morte e enfurecidos pelo longo tempo sem alimento, os animais decidem seguir o desejo do falecido amigo e expulsam o fazendeiro da granja, tomando o local para viverem seguindo suas próprias regras em busca de um modo de vida melhor. Em contramão às expectativas, o sistema igualitário idealizado por todos não é aplicado da forma que imaginaram. Os porcos, por serem mais inteligentes e bem instruídos em relação aos outros, exploram gradativamente o trabalho, aproveitando da inocência e falta de conhecimento da maioria, situação que evolui até se deteriorar em um regime autoritário.

Ao longo da leitura é interessante observar como as personalidades dos animais são antropomorfizadas, o que explicita o papel que cada um representa dentro de um sistema político e social humano. Nesse sentido, a obra também serve de análise e alerta sobre mecanismos de controle sutis utilizados na ascensão de governos autoritários, como a criação de um inimigo em comum. Ao alimentar o ódio dos animais pelos humanos, os porcos conseguem direcionar a atenção a um ponto em específico e continuar a exploração sem grande alarde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O livro é curto e pode ser facilmente lido em uma tarde, o que não diminui a intensidade e a representação bem definida e detalhada dos acontecimentos, pelo contrário. A obra nos guia facilmente para o desenrolar de uma história que todos já conhecem o final, mas mesmo assim prosseguem com a leitura e anseiam o desenvolvimento.

Apesar de ter sido escrito em 1945 e ser uma afronta ao Stalinismo, seu conteúdo é tão atual quanto fora na época da publicação, o que explicita a genialidade do autor. A leitura mantém o leitor submerso em uma realidade fictícia, é claro, mas com um desenvolvimento tão bem consolidado, baseado em uma análise social apurada, que pode ser facilmente associado à realidade política em que vivemos. Por esses e outros motivos, A Revolução dos Bichos está longe de ser uma simples fábula infantil ou uma tediosa leitura obrigatória do ensino médio.

Esse texto foi escrito por Hagata Eduarda, editado por Hugo Montaldi e revisado por Raquel Severini para o site Referência Nerd.

9.6

NOTA

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