Resenha | A paciente silenciosa

As sementes do ocorrido naqueles poucos minutos em que ela atirou no marido provavelmente foram plantadas anos antes. A fúria assassina, a fúria homicida, não nasce no presente.

Sobre o livro

A paciente silenciosa foi lançado pela Editora Record com uma capa perfeita para o tema:  estilizada para parecer tecido de tela de pintura. A obra foi a estreia do autor roteirista Alex Michaelides e já teve seu direito de adaptação vendido para uma produtora de Hollywood vencedora do Oscar.

O enredo se inicia com Theo Faber se apresentando, contando como decidiu estudar psicanálise depois que a terapia salvou sua vida. Quando surge a oportunidade de trabalhar no Grove, hospital psiquiátrico judiciário onde Alicia está internada há seis anos em silêncio absoluto, ele não a deixa escapar mesmo que tivesse que pedir demissão de seu emprego atual. Theo acredita ser a pessoa perfeita para tratá-la, e faz de sua missão fazê-la falar.

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Desenvolvimento

A princípio, A paciente silenciosa tinha tudo para ser um thriller clichê e mal desenvolvido. O fato da personagem principal não falar há seis anos, desde o momento em que assassinou seu marido a sangue frio e tentou cometer suicídio logo depois, poderia significar que o livro seria escasso em diálogos. Entretanto, vemos Theo tentando criar uma comunicação com ela ao mesmo tempo em que vai atrás de sua história, entrevistando pessoas que um dia já foram importantes em sua vida e procurando explicações para o que aconteceu. 

Por que Alicia mataria seu marido? Por que tentaria suicídio depois? E que significado teria o quadro que ela pintou logo após tudo acontecer, afinal? Seria uma dica para desvendar a história toda ou apenas uma expressão muda? Muitas perguntas surgem logo no início da leitura, o que faz o leitor se prender ainda mais aos detalhes da história, fazendo sua própria investigação a cada passo em que Theo parece chegar mais perto de alguma verdade. Todos os personagens se tornam questionáveis, a maioria não parece estar falando a verdade. E na medida em que Theo vai descobrindo elementos do passado de Alicia, nos vemos torcendo para que ela se abra com ele, finalmente. 

Um elemento que está presente no livro desde o começo para sanar algumas curiosidades do leitor sem que Alicia

sequer precise abrir a boca, é o diário que ela mantinha desde antes do assassinato. Pelo diário, os capítulos se alternam entre as confidências dela sobre sua vida e seu casamento, principalmente, e a narrativa de Theo sem o conhecimento dos fatos que nos foram apresentados por ela. Desse modo, criamos logo uma empatia pela personagem, questionando tanto sua sanidade mental quanto a capacidade de confiança das pessoas ao seu redor. Portanto, Theo se torna o único que ainda possui alguma fé em Alicia e em sua melhora, e se compromete a fazê-la falar em seis meses.

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Considerações finais

 

A paciente silenciosa possui uma narrativa fluida, que torna quase impossível largar a leitura no meio, além de trazer reflexões importantes sobre a mente humana, traumas psicológicos e tratamentos alternativos dentro da psicologia. Alguns personagens poderiam ser mais desenvolvidos, porém nada que atrapalhe a leitura. É um ótimo ponto de partida para thrillers, além de plot twists inimagináveis ao longo da história toda, e suspenses que aguardam até as últimas páginas para serem explicados, sem ao menos negligenciar o final ou torná-lo apressado. 

Ficha técnica

Capa comum: 350 páginas

Editora: Record; Edição: 10 (20 de maio de 2019)

Idioma: Português

ISBN-10: 8501116432

ISBN-13: 978-8501116437

 

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9

NOTA

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