Quais as chances da DC no cinema?

É inegável que a Marvel Studio está fazendo no cinema é de enlouquecer qualquer fã, seja ele de quadrinhos ou não. Um universo bem estabelecido que te dá vontade de continuar gastando seu suado dinheiro a cada novo filme que lança. E não só nos filmes. Acompanhar as séries da Netflix, comprar produtos ou somente sentar para especular com os amigos sobre o que estar por vir. Essa nostalgia de querer mais e mais é que faz a fórmula da Marvel dar tão certo para mim. Não é o CGI, é um bom roteiro que se conecta em algo maior. Mas ela termina aí. Se dúvida, me responda porque os filmes de origem não são tão bons assim?

Ou porque o filme do Guerra Infinita é tão bom, mesmo sendo um filme de origem? (Origem de um vilão, porém um filme de origem.)

 

Porque diferente dos outros filmes primários de super heróis da Marvel, o Thanos foi se desenvolvendo ao longo dos últimos 10 anos nas telinhas. Ele estava lá, orquestrando, liderando, sendo temido, mesmo “invisível”. Mesmo por trás das cortinas. Para quem não acompanha as hqs, passava uma curiosidade para saber, quem é ele? Para quem já o conhecia, quem será ele no MCU?

 

A Morte vai aparecer? As determinações para juntar as joias serão as mesmas dos quadrinhos?

 

Tudo era nebuloso antes do filme Guerra Infinita. Então ele chegou e é impossível em algum momento você não sentir empatia pelo vilão. Impossível em algum momento você não comprar seu discurso. Impossível você em algum momento não torcer para que ele vença e no final se dar conta que ele venceu e o peso de um filme onde o mal prevalece, não te tomar conta.

 

Enfim, você sai do cinema impactado e deprimido. Talvez seja por isso que amei tanto esse filme, paulatinamente a Marvel nos entrega alguém que a ansiedade já gritava para ver nas telonas. E, ela o faz.

 

E o que isso tem a ver com a chance de ouro da DC?

 

Pois bem, pegue todas as produções proclamados da DC nos últimos vinte anos e me aparecem dois grandes pesos a cabeça: Watchmen e o Dark Knight da trilogia Nolan (odiada por uns e amada por outros). E são delas duas que quero me basear no meu argumento.

 

O que a fazem ter tanto sucesso? Por que são tão impactantes mesmo não se tendo construído um universo tão rico e abrangente como o da Marvel?

 

Primeiramente pela solidez dos personagens dos dois filmes. Mesmo o Watchmen sendo desconhecido pelo grande público, o roteiro escrito por Alan Moore é tão bem fundamentado, com críticas fodásticas sobre a sociedade, dá um impulso para uma obra bem adaptada no cinema acontecer. Com o Batman é o mesmo. Um herói com 80 anos de carreira, com tantos filmes e desenhos, você sabe bem quem ele o é e o que o público quer ver.

 

Segundo, porque mesmo o universo macro não ser tão vasto quanto o da Marvel, o micro é. O que quero dizer com isso, é que você se envolve com os personagens, sejam principais ou coadjuvantes. Você se envolve na trama que te tira fôlego. E, para mim, principalmente, você tem cenas que te marcam e não são cenas com CGI ou de lutas.

 

O que faz o Watchmen e o Dark Knight tão incríveis para mim, são os diálogos tão profundos. Seja a relação do patrão Bruce com o Alfred, o último contando sobre sua época de militar quando um ladrão roubou diamantes só para ver o circo pegar fogo, seja pelo Rorschach indo atrás de um pedófilo e lhe dando uma surra, ou ele mostrando que deviam mais temê-lo na prisão que ele temer os prisioneiros aos gritos da frase mais foda do filme: “Parece que vocês não entenderam, eu não estou preso com vocês. São vocês que estão presos comigo!”

 

São esses momentos únicos que ficam na memória mesmo anos depois de assistir a esses filmes. Desculpe, mas quando a Marvel entregou algo assim?

 

E é exatamente esse os ovos de ouro da DC, fazer algo que ela é tão boa, impactar em arcos fechados. Ela tem personagens para tal, tem arcos das hqs para tal, tem fantásticos roteiros para tal. Então faça!

 

O maior fracasso da Liga da Justiça não foi só os produtores se meterem na direção, foi correr para competir e copiar a Marvel. A DC não precisa disso. E não quero dizer que ela não possa criar um universo macro, quero dizer que esses filmes aparentemente sem conexão, pautados na construção de uma saga fechada é um campo não explorado pela concorrente.

 

Por isso aposto nesse caminho. E tenho essa confirmação após o teaser do próximo filme do Joker que estreará em Outubro de 2019. Não posso afirmar se será tão bom quanto o teaser, entretanto, pelo que entregaram hoje, seja pela atuação do Joaquim Phoenix ou pela ambientação, tem tudo para dar certo e ser explorado lá na frente.

 

O teaser mostra que o Batman tá lá e provavelmente não aparecerá. Arkham está lá, mesmo não aparecendo o Coringa internado nele. Que a Gotham está mergulhado em tráfico e sem segurança, clamando por um justiceiro mascarado e um vilão a altura dele. O teaser nos pega pela mão e nos mergulha na loucura do Coringa lentamente com angústia e empatia por ele. Ele nos entrega algo que dá vontade de largar tudo e comprar o ingresso no exato momento que termina.

 

Por quê?

 

Bom, porque ela não está preocupada em correr para te entregar um próximo filme, para te fazer comprar um próximo ingresso, para o porvir. Ela está preocupada em contar uma história e só. E se a DC entender isso, terá tudo para criar sucessos de bilheteria.

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