Crítica|Marinheiro das Montanhas: um documentário bem intimista de Karim Aïnouz

O cineasta Karim Aïnouz compartilha a história do improvável relacionamento de seu pai argelino com sua mãe brasileira de forma sensível e intimista.

Antes

 O documentário Marinheiro das montanhas (2021) é dirigido e roteirizado por Karim Aïnouz que relata suas experiências ao visitar pela primeira vez a Argélia, um país no norte da África,  terra natal de seu pai. Aïnouz é um conceituado cineasta brasileiro responsável por dirigir e roteirizar obras de grande importância para o cinema nacional, como Madame Satã (2002) e O céu de Suely (2006), ambos os longa-mentragens  estão na lista dos 100 melhores filmes brasileiros segundo a  Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE).

Durante

O documentário pode ser definido como um diário de viagem onde Aïnouz relata suas experiências desde o início da viagem de navio, que o cineasta escolhe particularmente fazer por motivos afetivos, até sua chegada em Argel, capital da Argélia, e mais tarde a Cabília, região montanhosa no norte da Argélia, onde seu pai nasceu. Tudo isso enquanto compartilha com o público o improvável relacionamento de seus pais, um argelino com uma brasileira, iniciada nos Estados Unidos.

Durante toda a viagem Aïnouz narra suas experiências como se estivesse conversando com a sua mãe através de cartas cheias de sensibilidade e afeto, imagina possíveis diálogos, traça paralelos entre sua infância em fortaleza, vivendo próximo ao mar e a sua possível infância em Argélia vivendo nas montanhas. Traz aspectos íntimos de suas relações familiares com a mãe e o pai, mas sem romantizar essas relações, trazendo conflitos familiares que nem sempre as pessoas se sentiriam à vontade para falar de forma pública, o que de certa forma traz um tom de intimidade com o espectador.

Ainda durante a viagem entre os vídeos gravados pelo próprio diretor dos lugares por onde passou, das cenas do cotidiano, das paisagens e de pessoas com quem interagiu, Aïnouz produz um verdadeiro diálogo trazendo elementos geográficos, históricos, mitológicos, religiosos, culturais e políticos da Argélia, como se estivesse contando a um amigo como foi sua viagem e suas descobertas em uma perspectiva bem intimista. É importante destacar os aspectos históricos e políticos trazidos pelo documentário, considerando o contexto em que Aïnouz chega na Argélia em 2019, quando aconteciam intensas manifestações contra o governo, o que vai ser relatado no documentário dirigido pelo próprio Aïnouz, Nardjes A. (2020).

Após o seu lançamentos em diversos festivais de cinema internacionais em 2021 e ter sido muito bem aceito pela crítica, só agora em 2023 Marinheiro das Montanhas estreará nos cinemas brasileiros, no próximo dia 28 de setembro. Como se trata de uma obra independente e que apresenta um nicho bem específico não deve ocupar muitas salas.

Depois

O documentário tem data de estreia nos cinemas brasileiros marcada para o dia 8 de setembro de 2023, após ter sido exibido em festivais internacionais e ter tido uma excelente aceitação pela crítica especializada. A produção deve interessar a um público bem específico, principalmente aquelas pessoas que tem interesse no trabalho de Karim Aïnouz, e não deve decepcionar seus expectadores.

7

NOTA

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