Crítica | Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw – É o filme mais leve e engraçado da franquia

Assim como Bumblebee está para Transformers, Hobbs & Shaw está para Velozes e Furiosos. Um spin-off que se apoia na química de Dwayne Johnson e Jason Statham repleta de humor e com ótimas cenas de lutas corporais, graças a direção de David Leitch, ex coordenador de dublês

Antes do Filme

Com tantos spin-offs lançados pela indústria cinematográfica, muitos servem apenas para fazer bilheteria, sugando o dinheiro de fãs fiéis de uma saga já estabelecida. Esse é o caso, por exemplo, da divisão desnecessária do livro O Hobbit em 3 filmes. Há outros que expandem a mitologia de um universo e, de fato, acrescentam algo, como Star Wars: Rogue One. Há aqueles que possuem um pouco dos dois lados, como Bumblebee, da franquia Transfomers

Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw está nessa última categoria. É uma honesta continuação da saga original, que enxergou o potencial de usar novamente dois personagens carismáticos que deram certo. Afinal, quem não gosta de ver Dwayne “The Rock” Johnson e Jason Statham se xingando o tempo todo e socando algumas pessoas?

Enredo e Trama

Quando o mortal vírus C17 é roubado em Londres por Brixton (Idris Elba, Heimdall em Thor), um mercenário modificado geneticamente, a culpa recai em cima da agente do MI6, Hattie Shaw (Vanessa Kirby, Missão Impossível: Fallout). Se o sobrenome parece comum, é porque ela é irmã de Deckard Shaw (Jason Statham, Carga Explosiva). O ex-vilão é contactado pela CIA para trabalhar justamente com Luke Hobbs (The Rock, O Retorno da Múmia), seu desafeto do passado. Precisando superar as desavenças, os dois devem achar Brixton, o vírus e provar a inocência de Hattie. 

Dirigido por David Leitch — ex-coordenador de dublês e diretor de Atômica, Deadpool 2, além de produtor de John Wick —, seu currículo leva a grandes expectativas quanto a qualidade das lutas corporais. De fato, são as cenas mais excitantes do spin-off. Fruto de uma boa movimentação de câmera e sempre com um criativo uso de elementos do cenário, como cadeiras e garrafas de champagne, o diretor consegue diferenciar bem o estilo de luta entre Hobbs e Shaw. O primeiro, bruto, e o segundo com maior técnica.

O mesmo, entretanto, não pode ser dito das sequências grandiosas de perseguição. Mesmo aqueles já acostumados com os filmes anteriores se sentirão incomodados com a enorme falta de realismo aqui. Não há descrença de realidade que aguente um carro e uma moto passando por baixo de um caminhão, o The Rock se jogando de um prédio ou o mesmo segurando um helicóptero através de uma corda. Ok, darei um desconto para essa, pois o cara realmente é forte.

Uma das surpresas do roteiro é seu tom cômico. Os diálogos conseguem ser engraçados quando o filme se escora na cultura pop para fazer piada — estratégia já utilizada em Shazam! — e cita franquias como Harry Potter, Game of Thrones e Marvel. Os xingamentos entre Hobbs e Shaw poderiam facilmente cair em um humor ultrapassado e pastelão por estarem se utilizando de um vocabulário adolescente, mas a caracterização dos atores como adultos imaturos faz o público acreditar que eles realmente poderiam dizer aquilo.

Personagens e Atuações

Caso a dupla Dwayne e Statham não entregasse, Hobbs & Shaw seria esquecível. Para nossa sorte, os atores estão ótimos. Johnson está fazendo o que sempre faz, sendo ele mesmo e é um dos poucos profissionais que consegue essa proeza sem se tornar cansativo. Enquanto isso, Statham está com seu sotaque mais carregado que nunca, com seu ar de superioridade e irônico de sempre. Há um desenvolvimento inexistente dos dois com suas respectivas parentes — filha (Hobbs) e mãe (Shaw) —  que parece estar ali apenas para dar um sentimento de fechamento de arco comparando as cenas iniciais e finais.  

Entretanto, o vilão Brixton decepciona. O ótimo Idris Elba até faz o possível para impor sua fisicalidade e ter um tom ameaçador, mas o personagem é fraco e pouco desenvolvido. Há apenas indícios de seu passado com Shaw, sua motivação é baseada em um neomalthusianismo à la Thanos e pouco é revelado sobre sua organização. Em uma tentativa de garantir brechas para uma futura sequência, o filme deixa diversos buracos.

Cabe ressaltar que há interessantes participações cômicas de Ryan Reynolds (Deadpool), como um agente da CIA debochado, Kevin Hart (Jumanji) fazendo um policial disfarçado e Eddie Marsan (Inspetor Lestrade em Sherlock Holmes) como um cientista russo. Vanessa Kirby como Hattie Shaw possui seus altos e baixos, tendo nuances de uma verdadeira femme fatale independente, mas em outros é reduzida a um puro centro de uma disputa ciumenta entre Shaw e Hobbs.

Depois dos Créditos

Em uma satisfatória expansão da franquia Velozes e Furiosos, Hobbs & Shaw acerta em abraçar sua absurdidade. Para os fãs da franquia, o filme se mantém no padrão e irá agradar como entretenimento. Flertando com temas como importância da família e manipulação da mídia, o roteiro simplório é compensado pela química engraçada entre seus protagonistas e boas sequências de lutas, apesar de exageradas em alguns momentos. 

 

Revisão: Raquel Severini

5.5

NOTA

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