Crítica | Um Espião Animal – O Filme Em Que Will Smith Vira Um Pombo!

O filme traz uma mensagem importante sobre violência e ódio, e é uma boa pedida para um início de ano leve e descontraído.

Antes do Filme

Não se deve julgar um filme apenas pela sua premissa, as vezes mesmo a mais simples, clichê ou até mesmo idiota das ideias pode ser executada de uma forma interessante. O olhar do autor, sua forma de abordar um assunto, sua capacidade de subverter as expectativas ou de simplesmente fazer um bom trabalho podem salvar uma ideia que não parece muito impressionante à primeira vista.

Dito isto, é quase impossível não ir assistir um filme em que um super-agente secreto, bonito, habilidoso, charmoso e ainda por cima interpretado por Will Smith é transformado em um pombo, munido de certos preconceitos contra tal obra. Principalmente quando o estúdio responsável pelo filme é conhecido, pelo menos por parte significativa da crítica, por produtos feitos com objetivo único de agradar crianças pequenas, sem o mínimo de interesse em se esforçar para alcançar qualquer um com idade o suficiente para ter o mínimo de senso crítico.

Pode-se dizer que as expectativas para o filme eram altas, porém o resultado esperado era algo que divertisse pela sua falta de qualidade ou cuidado. E devo dizer que foi uma grata surpresa ter tais expectativas iniciais quebradas.

Trama e Roteiro

Como dito anteriormente, a premissa inicial da história parece absurda, porém sua execução impressiona pela sensibilidade e honestidade na qual tal história é contada. Antes de cenas de ação impressionantes ou piadas que distraiam do foco da narrativa, somos apresentados ao nosso protagonista Walter Beckett (Tom Holland), durante sua infância.

Neste momento inicial, a ideia central do filme é apresentada através do jovem Walter e de sua relação com sua mãe. Walter é uma criança brilhante, que sofre bullying dos amigos do colégio que não compreendem sua genialidade. Ele que ajudar sua mãe policial a proteger as pessoas usando abraços, amor e purpurina, e mesmo depois de perder sua mãe ele continua tentando usar sua genialidade para salvar o mundo de forma não violenta, apesar dos julgamentos que sofre por todos.

Paralelamente, somos apresentados ao co-protagonista do filme, o agente especial Lance Sterling (Will Smith), um espião super habilidoso, sempre bem vestido e capaz de derrotar inúmeros inimigos sempre com o máximo de elegância possíve. Bastante inspirado pelos filmes das franquias 007 e Kingsman ele é, pelo menos no começo do filme, a antítese de Walter. Ele é durão, bem-sucedido, popular, convencido e não vê problema em ferir quantos inimigos sejam necessários para concluir sua missão.

A jornada de ambos os personagens se encontra quando Lance é incriminado por um vilão, após voltar de uma missão que ele acreditava ter sido um sucesso. Com toda a agência em seu encalce ele recorre a Walter, que testava uma fórmula com a ajuda de sua pomba de estimação. Essa fórmula é acidentalmente ingerida por Lance, transformando-o em um pombo.

A partir desse momento, Lance recebe um lição de humildade ao trabalhar ao lado de Walter, que o faz rever seus conceitos sobre como lidar com inimigos e sobre a própria natureza da violência. Tal catarse é auxiliada pelo vilão que os persegue, seu plano e motivações ajudam Lance a entender o ponto de vista de seu novo amigo e como a violência pode gerar um ciclo infinito de agressão.

Tais mensagens são apresentadas durante a trama de forma simples, principalmente para facilitar a compreensão do tema pelo público infantil, mas nunca se tornam didáticas demais, o fluxo da história nunca é interrompido, mantendo a experiência muito divertida.

Personagens e Atuações

Se a trama e suas mensagens tornam o filme divertido e relevante, seus personagens fazem com que a obra chegue em um nível elevado de qualidade. A dupla de protagonistas é muito carismática e sua dinâmica é bastante divertida e cheia de humor. Além disso ambos os protagonistas são bem desenvolvidos e passam por arcos que os fazem mudar de forma significativa.

Além da dupla principal temos alguns coadjuvantes interessantes, os que recebem mais tempo de tela são três agentes que trabalham na corregedoria da organização para qual Lance trabalha. Sua função no filme é dar movimento e urgência para a trama já que estão sempre perseguindo os protagonistas, fazendo com que não só nos importemos se o vilão será detido a tempo, mas também se Lance conseguirá limpar seu nome.

Apesar de relevantes pra história tais personagens não se desenvolvem muito, e são usados como alívios cômicos para a trama, com a exceção da chefe do trio que passa por um pequeno arco durante a trama.

Além do trio de alívios cômicos, temos também a presença do vilão Killian (Bem Mendelson), que é apresentado como alguém cruel e intimidador, suas ações são sempre implacáveis e sua seriedade só é quebrada pelas soluções inusitadas dos protagonistas para derrota-lo.

A primeira vista Killian parece um clichê ambulante, mas dado o tom satírico do filme essa parece ser exatamente a intenção dos autores. Porém suas motivações são bem explicadas e fazem bastante sentido, dando para ele um mínimo de profundidade que o tornam mais interessante do que es impressões iniciais poderiam dizer.

Depois dos créditos

No fim das contas o conjunto da obra, entregue por “Um Espião Animal” é um filme muito divertido, com boas piadas e personagens cativantes. Além de uma trama cheia de ação, com boas músicas, e bem animada e dublada. A dupla de protagonistas é cativante e nos faz querer assistir mais de sua dinâmica.

Por fim a mensagem trazida pelo filme é uma muito importante, principalmente em tempos onde o ódio e a violência são cada vez mais disseminados como solução para nossos problemas, e muito bem entregue também. Tornando a obra uma excelente pedida para o começo do ano. 

4

NOTA

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