Crítica | Predadores Assassinos – Furacão, Jacarés e a Implausibilidade

Predadores Assassinos é um filme de terror que precisa de muita descrença de realidade para funcionar. E não estou nem me referindo aos jacarés gigantes no meio de uma tempestade na Flórida.

Antes do Filme

“População da Flórida, não atire no olho do furacão”. Infelizmente, esse é um alerta que precisou ser feito na vida real, em 2017, e o início de Predadores Assassinos aproveitou para brincar com tal fato, quando Haley (Kaya Scodelario, Maze Runner) escuta o alerta na rádio, enquanto dirige no meio do temporal. A estupidez humana parece não ter limites e o novo filme de Alexandre Aja (Viagem Maldita, Amaldiçoado) parece entender muito bem essa condição, ficando na linha tênue entre a paródia e a seriedade.

Enredo e Trama

Quando Predadores Assassinos começa, a jovem nadadora acabara de perder uma competição e descobre que um enorme temporal está chegando. Preocupada com seu pai, Dave (Barry Pepper, O Resgate do Soldado Ryan), ela vai até sua nova casa, mas acha apenas o cachorro Sugar. Ao presumir que o pai estaria no antigo lar da família, ela e o cão vão a sua procura, apenas para achá-lo inconsciente nas suas fundadções, após uma mordida de um jacaré. Assim, Sugar e os dois humanos devem escapar daquele ambiente repleto de jacarés gigantes, enquanto correm contra o tempo, já que o furacão se aproxima e a tempestade aumenta.

Caso a sinopse acima soe completamente rasa, é porque ela é. Apesar do roteiro dos irmãos Rasmussen (Aterrorizada) ter uma camada de drama entre pai e filha que é pincelado entre os jumpscares, esse não é o principal atrativo do filme. Como passa a maior parte de seus curtos 87 minutos dentro daquele ambiente fechado e claustrofóbico, o objetivo de Aja é tentar transmitir essa mesma tensão dos protagonistas para os espectadores.

Predadores Assassinos é aquele tipo de terror que o público passa mais tempo tentando adivinhar em que momento virá o próximo susto do que realmente se sente imerso pelo clima criado. Isso não significa que Aja não faça o público pular da cadeira, pois a todo momento surgem as criaturas na tela acompanhadas de um escandaloso barulho. Além disso, com o desenrolar da trama fica fácil de antecipar tais artifícios, causados pela repetição.

Entretanto, não dá para olhar este novo trabalho de Aja sob uma ótica realista. Para funcionar, Crawl (em inglês) precisa de uma boa pitada de descrença de realidade. Nesse sentido, é possível ver como a produção de Sam Raimi (Homem-Aranha) é totalmente autoconsciente dos clichês que apresenta. Tanto a motivação inicial dos protagonistas, quanto a forma como eles sobrevivem aos desastres em crescendo, fazem ele entrar na categoria de um filme B, só que com um orçamento melhorado. No mesmo sentido, outro elemento bastante presente é o gore, como na chocante cena de fratura exposta.

Quanto aos efeitos especiais, não há o que reclamar dos “vilões” do filme. Certamente exagerados de maneira proposital, os animais parecem ainda maiores nos espaços escuros e pequenos da fundação. Por outro lado, a parte da tempestade deixa a desejar, sendo visível sua computação gráfica. Por conta disso, nos poucos momentos que o filme se arrisca em ambientações exteriores, parece perder a força. De contrário, Aja possui melhor controle nas sequências mais intimista, com close-ups que exploram o desespero de Kaya Scodelario ou planos subjetivos que substituem os jacarés se aproximando (à la Tubarão).

Personagens e Atuações

Com um arco sobre superação, o roteiro coloca Haley em situações extremas para que ela mostre na prática ser uma exímia nadadora. Aliás, a cena inicial da protagonista na natação só serve para dar credibilidade a todas as ações que ela fará posteriormente. Proativa e destemida com o passar do longa, Scodelario soa mais natural justamente quando mostra fragilidade e medo. Inclusive, nem toda descrença de realidade do mundo é capaz de relevar a maneira como sua personagem parece despreocupada dirigindo no meio de toda aquela ventania.

Enquanto isso, Pepper passa a maior tempo gritando palavras, como um treinador, para sua filha conseguir superar seus problemas. Vale ressaltar que ambos possuem poderes sobre-humanos e podem sobreviver a diversas mordidas (contêm ironia) de jacarés. Já Sugar, o cachorro, é o melhor personagem, possuindo bravura e lealdade acima do normal! 

Depois dos Créditos

Quando Predadores Assassinos acaba, não dá para reclamar que ele não entrega o que prometeu. Muita água, raios, jacarés, gritos e jumpscares. Como não aceita completamente a galhofa que é, o filme poderá desagradar por suas implausibilidades, como a do sinalizador Deus Ex Machina. No fim, é provável até que o espectador até se pegue torcendo para os jacarés. Afinal, não só os personagens parecem imortais e teimosos, como também, para a simpatia dos animais, Aja coloca um grupo de loteadores sendo devorados após saquearam uma loja de conveniência.  Nesse caso, até que é prazeroso ver a mãe natureza despertando sua ira contra a estupidez humana.  

Revisão: Raquel Severini

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5.5

NOTA

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