Uma hilária e sangrenta jornada de terror em uma adaptção de Stephen King, dirigido por Osgood Perkins e produzido por James Wan.

Antes do filme

O Macaco (2025) é uma adaptação do conto homônimo do mestre da literatura de horror Stephen King, lançado inicialmente na revista Gallery em 1980 e revisado e relançado em 1985 na coletânea de contos do autor, Skeleton Crew.

O longa, lançado em 21 de fevereiro nos Estados Unidos, é uma produção da Atomic Monster, do aclamado diretor e produtor James Wan, e conta com roteiro e direção de Osgood Perkins, conhecido por Longlegs (2024), um dos filmes de terror mais comentados do ano passado e Maria e João – O Conto das Bruxas (2020).

No elenco, o ator Theo James, da série de filmes Divergente, interpreta os irmãos gêmeos Hal e Bill Shelburn. Tatiana Maslany, a Mulher Hulk da série da Marvel Studios dá vida a Lois, mãe dos gêmeos, enquanto Colin O’Brien interpreta Petey, filho de Hal.

No Brasil, o filme é distribuído pela Paris Filmes e teve sua estreia no último dia 3 de março.

Durante o Filme

O filme começa com um aviador tentando vender um macaco de brinquedo com tambor e baquetas em uma loja de penhores. Após girar a chave do brinquedo, uma série de eventos bizarros levam à morte do atendente da loja. O aviador, então, incinera o macaco com um lança-chamas. 

A história avança para a adolescência dos irmãos gêmeos Hal e Bill Shelburn, filhos do aviador que desapareceu misteriosamente. Hal é tímido e nerd, enquanto Bill é extrovertido e encrenqueiro, sempre pregando peças no irmão.

Um dia, os irmãos encontram o macaco no armário do pai e, após girar a chave, a babá deles morre de forma trágica em um restaurante japonês. Hal, cansado das brincadeiras de Bill e do bullying na escola, decide usar o macaco para pedir a morte do irmão, mas acaba causando a morte da mãe. A partir daí Hal tem certeza da natureza maligna do macaco. 

Os gêmeos vão morar com os tios, e Bill, abalado pela morte da mãe, começa a suspeitar do macaco. Ele decide testar o brinquedo na frente de Hal, girando a chave. O tio dos meninos morre, e eles descobrem que o macaco não mata quem gira a chave nem segue a vontade de quem o ativa – ele age de forma imprevisível.

Decididos a acabar com a maldição, os irmãos jogam o macaco no fundo de um poço e prometem nunca mais falar sobre o que aconteceu.

Anos depois, Hal perdeu o contato com o irmão e os tios e evita contato com qualquer tipo de familiar.  Agora, ele tem um filho, Petey, que está prestes a ser adotado pelo padrasto devido à ausência do pai. Hal decide levar Petey em uma última viagem, mas o plano é interrompido quando Bill liga, pedindo que ele investigue a morte da tia e descubra se o macaco pode estar envolvido.

Depois do Filme

Baseando-se nos trailers e no que foi mencionado anteriormente, O Macaco parece ser mais um filme em que um boneco amaldiçoado aterroriza uma família, transformando suas vidas em um inferno. A presença de James Wan, produtor e diretor por trás de sucessos como Gritos Mortais (2007), Annabelle (2014) e M3GAN (2023), reforça essa expectativa.

No entanto, é com entusiasmo que afirmo: apesar das semelhanças e da aparência inofensivamente macabra do macaco, muitos clichês do gênero são subvertidos aqui. O longa é um hilário terrir que, desde os primeiros minutos, deixa claro seu tom: visceral e engraçado ao mesmo tempo.

O filme utiliza mortes inusitadas, sangrentas e ultraviolentas, além de situações clichês do terror, para quebrar expectativas e aliviar a tensão criada nas cenas que antecedem as mortes. Em uma sequência memorável, uma mulher salta em uma piscina em contato com um ar-condicionado em curto-circuito e simplesmente explode, espalhando seus pedaços pelo ar. A cena, que poderia terminar em uma eletrocussão comum, surpreende ao se tornar hilária e impactante.

Osgood Perkins, conhecido por criar atmosferas opressivas e sobrenaturais, como visto em Longlegs, aplica sua habilidade aqui. Em O Macaco, as regras para as mortes criam uma sensação de imprevisibilidade, misturando risadas e sangue na tela.

O filme também ensaia um discurso estoicista sobre a inevitabilidade da morte, com frases como “Todo mundo morre. E isso é uma m*rda”, presente até nos pôsteres de divulgação. No entanto, essa reflexão não é aprofundada, servindo mais como justificativa para a carnificina que se desenrola.

Em várias situações, o filme não se leva muito a sério, o que, na minha opinião, acentua o humor e torna as cenas mais engraçadas. Diferente de outros filmes de bonecos malignos, onde chutar ou correr parece resolver tudo, aqui o pequeno símio promove uma matança brutal sem nem mesmo mover suas baquetas, em um estilo que lembra Premonição. Isso permite uma criatividade maior da maquiagem e da direção, resultando em cenas hilárias e impactantes.

Apesar disso, para mim o filme perde impacto no terço final. Sem as surpresas do começo e com o filme não se levando a sério o final me pareceu uma solução boba apesar de inusitada. Além dessa questão, o próprio filme em seu despretensioso ensaio estoicista acaba tirando todo o peso que qualquer morte dos personagens principais poderia trazer, fazendo com que a única coisa que esperemos ansiosamente no final do filme seja mais uma morte criativa e engraçada, o que parece ser a única coisa boa que ele proporciona.

No fim acredito ter sido mais um acerto comercial de Wan como o “Mestre dos Brinquedos” e a consolidação de Perkins como um versátil diretor e um dos bons nomes do terror contemporâneo. Esse filme foge muito do que é seu longa anterior e assim como ele, talvez um refino melhor no roteiro pudesse dar mais mais fluidez e robustez para a trama.

O Macaco é um filme despretensioso, com uma proposta simples e uma execução satisfatória. Ao menos boas gargalhadas ele deve arrancar de você.

6.5

NOTA

Compartilhe: