Crítica Netflix | Tigertail – Um Filme Sobre Arrependimento

Em uma história de imigração intimista, acompanhamos um drama sobre arrependimento e infelicidade.

Antes do Filme

A Netflix lançou nesta sexta-feira (10/04) o longa Tigertail, dirigido, produzido e roteirizado por Alan Yang, que faz também uma pontinha no filme. Alan, que já tem sua carreira consolidada nos EUA com diversas premiações, também e responsável pela série Master of None, uma excelente série original Netflix que acabou esquecida pela gigante de streaming, no qual ele retoma a parceria com Tigertail. Confira nossa crítica sobre!

Enredo, Trama e Personagens

O filme é baseado na história do pai de Alan, que foi imigrante taiwanês nos EUA, e durante todo o filme nós vamos acompanhando desde a infância do protagonista até o presente, onde ele já está velho, divorciado e tem dificuldades em se relacionar com sua filha.

Esse é que conta uma história de amor e arrependimento, onde vemos Pin-Jui, interpretado por Tzi Ma e baseado no pai de Yang, abandonando o amor dele em Taiwan para se casar com a filha do chefe da fábrica onde ele e a mãe trabalham, para assim poder recomeçar nos Estados Unidos para dar uma vida melhor a aquela que ele ama, sua mãe. Porém, ela não quer ir, e então vemos Pin-Jui, outrora um jovem alegre e inflamado pela chama da vida, se amargurando e fechando para o mundo, se tornando uma pessoa arrependida e infeliz.

Inclusive, tal transformação é apresentada e feita em uma sequência maravilhosa, onde mostra um piano que ele compra para aprender a tocar com sua arranjada esposa, ao mesmo tempo que mostra a repetição de sua rotina, como uma piano, que temos que repetir notas e sequências para criar uma melodia, e assim vemos o tempo passar.

E falando em música, a trilha sonora de violinos no filme é extremamente emotiva, com acordes bonitíssimos e é algo que evidentemente se destaca (e muito) no filme. Ela preenche um certo silêncio proposital, que encaixa com o trabalho dos atores e do roteiro em demonstrar uma passagem de tempo infeliz e amarga, o que talvez dê um tom desesperançoso pro filme.

Quanto ao espaçamento do roteiro, este poderia ter sido melhor ao abordar as questões do filho de Pin-Jui, que aparece uma vez quando criança em um flashback e é mencionado depois uma vez apenas. Também faltou um maior esclarecimento em como ele se estabeleceu financeiramente a ponto de conseguir se aposentar relativamente novo em uma condição confortável na vida, e 30 minutos adicionais no longa poderiam ter agregado bastante num contexto geral da trajetória do protagonista.

Tzi Ma, que também interpretou o personagem General Onoda na série The Man In The High Castle, onde você pode conferir nossa crítica aqui, é o principal nesse filme. Ele vive o Pin-Jui já velho, e seu trabalho é simplesmente excepcional. Sua expressividade e trabalho corporal revelam uma pessoa triste e traumatizada, e em uma cena em específico no filme aonde ele encontra seu antigo amor, Tzi simplesmente reacende toda a chama e toda a alegria que se apagou em ser personagem com uma alegria repentina em uma desesperadora tentativa de retornar ao passado, para depois se apagar quando ela vai embora, e graças a excelente expressividade de Tzi, isso foi passado com maestria.

Depois do filme

Por fim, Tigertail correspondeu as minhas expectativas que era altas, visto que gostei muito do trabalho de Alan na dramédia Master of None, que inclusive possui um episódio que aborda sobre questões imigrantes e faz uma certa referência a seus pais. Tigertail é um drama que emociona, nos faz refletir sobre decisões que posteriormente nos arrependemos e como as pessoas que amamos ao nosso redor podem ou não se afetar com elas, e reforça a importância da família.

Confira também!:

 

8

NOTA

Compartilhe: