Crítica Netflix | Space Sweepers

Space Sweepers traz a estreia mundial da cinematografia sul coreana no gênero de ficção científica espacial e se tornou um dos maiores destaques da Netflix no fim de semana de estreia.

Antes do filme

A Coreia do Sul possui uma grande produção televisiva e desde que venceu o Oscar de 2020, com o filme Parasita, vem tentando ganhar espaço no cinema mundial. Aqui no Brasil, podemos pensar que essa tentativa é até anterior, visto que o filme Train to Busan  passou pelos cinemas nacionais em 2016. Com uma cinematografia pouco conhecida no ocidente, o país asiático possui um histórico de produções blockbusters desde o inicio dos anos 2000 e a inserção na cinematografia mundial vem sendo esperada a bastante tempo.

Space Sweepers que é dirigido por Jo Sung-hee demorou quase 2 anos e meio para ser desenvolvido, sendo gravado entre julho e novembro de 2019 e tinha como plano de estreia nos cinemas sul-coreanos em outubro de 2020, mas devido à pandemia,  ocorreu mundialmente apenas em 2021, via Netflix, e em 5 idiomas incluindo o português. 

 

Durante o filme

Space Sweepers é o primeiro blockbuster sul coreano de ficção científica de enredo espacial dirigido por Jo Sung-hee, estrelado por Song Joong-ki, Kim Tae-ri, Jin Seon-kyu e Yoo Hae-jin.

A trama conta a história de Tae-ho (Song Joong-Ki), um jovem que integra a equipe da capitã Jang ( Kim Tae-Ri) no recolhimento de lixo espacial. A equipe também é composta por Tiger Park( Jin Seon-kyu) e o Robô Bubs (Yoo Hae-jin) juntos eles buscam lucrar a cada momento. Cada um dos personagens tem um motivo para integrar a equipe e fazer o que faz e isso vai sendo exposto no decorrer do filme, em especial com o surgimento de Dorothy / Kang Kot-nim (Park Ye-rin)

  O filme se passa em 2092, momento em que o planeta Terra já não é mais habitável e todos buscam um local no espaço para habitar. Ainda há pessoas na Terra, mas muitos já vivem em cidades espalhadas pelo espaço e ou em Marte, através do projeto da UTS Corporation que transforma o planeta em uma nova espécie de planeta Terra para os merecedores. Eu confesso que fiquei um pouco pensativa com a estrutura do plano da UTS, pois me recordou um pouco o nazismo e a ideia de purificação da raça humana, em especial pelo fato de todos os moradores de marte serem caucasianos.

Uma coisa interessante em Space Sweepers é que eles englobam o planeta como um todo, quando vemos os catadores de lixo em uma disputa,somos capazes de identificar diversas bandeiras de países, incluindo a bandeira brasileira. 

O filme expõe diversos problemas sociais que os seres humanos herdam mesmo com o fim da Terra, mostrando a vida precária daqueles com baixas condições financeiras. O surgimento de Dorothy, um suposto robô criança com possibilidade de explosão nuclear, traz o pior do ser humano quando em busca de recursos, mas também mostra que todos carregam sofrimentos de alguma forma.

A produção do filme foi bastante cuidadosa com os efeitos especiais e cenas com bons jogos de câmera, além disso, temos uma boa trilha sonora que traz um ótimo fechamento para a composição do filme. É necessário muita atenção em cada cena, visto que em alguns momentos ficamos perdidos na linha temporal e até mesmo no desenvolvimento da trama. Existem muitas cenas e muitos personagens, o que é diferente das produções coreanas que estamos acostumados e para o filme espacial em que o visual foge do convencional, isso pode ser bem confuso, mas conforme o tempo vai passando, as informações da história são fornecidas para que tudo seja concluído corretamente e sem grandes pontas soltas.

Sobre as pontas soltas, na minha opinião, o antagonista é essa ponta solta na história. O personagem CEO (Richard Armitage) merecia um desenvolvimento melhor e até uma melhor explicação de suas ideias, nós sabemos que ele é eco-fascista e misantropo. Ficamos um pouco perdidos no porquê dele fazer o que faz e de como ele se tornou esse personagem sem escrúpulos. Mas isso não afeta efetivamente o desenvolvimento da história.

O filme é bem complexo em sua construção de linha temporal e acontecimentos, possui palavras bastante difíceis e que podem dificultar o entendimento do filme para pessoas que não possuem nenhum conforto com a língua coreana, por isso recomendo que assistam o filme dublado e com legenda. Recomendo a legenda, pois a dublagem só atinge os personagens que falam coreano, mas o filme possui personagens que falam francês e inglês também.

 

Após o filme

Com estreia na Netflix no dia 05 de fevereiro de 2021 e em 3 dias ele atingiu o top 10 da plataforma e chegou ao primeiro lugar em alguns locais do mundo. 

O filme pode ser comparado com operas espaciais americanas em sua estrutura de produção e até no quesito língua falada, visto que o filme, mesmo sendo uma produção coreana possui falas em inglês e francês englobando mais o mundo, também temos uma variação de etnias como caucasianos, negros e amarelos. 

A produção não traz nenhuma mensagem clara como Parasita, mas deixa subentendido que a condição do meio ambiente é crítica e que os problemas sociais irão sempre existir enquanto tivermos a ideia de lucro como objetivo maior.

 

Escrito por Thayane Rodrigues

Revisado por Thais Trindade

Editado por Hugo Mondalti

09

NOTA

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