Crítica | Meu Amigo Enzo – Falta de originalidade compromete potencial do filme

"Meu Amigo Enzo" surge em mares conhecidos por antecessores famosos como "Marley & Eu", e o novo filme sobre um cão e sua família é previsível e pouco original

Antes do Filme

Do mesmo estúdio do famoso labrador de Marley & Eu, a 20th Century Fox lança nessa quinta-feira (8) o mais novo cãozinho pra fazer todo mundo chorar e se emocionar nas telas do cinema. Dessa vez é o golden retriever chamado Enzo, que dá o nome em português do longa-metragem Meu Amigo Enzo (título em inglês: The Art of Racing in the Rain). É inevitável uma breve comparação dos dois filmes, uma vez que o primeiro se fez memorável com a presença do bagunceiro Marley e da atuação da dupla Jennifer Aniston e Owen Wilson. Dessa vez a história é menos focada na vida do casal do filme e a maior atenção vai para a narrativa sob a perspectiva do cachorro Enzo.

Sinopse

Denny Swift (Milo Ventimiglia) é um piloto de corridas bastante apaixonado pela profissão e aspira alcançar competições cada vez mais importantes. Certo dia ele adota o golden retriever e o batiza de Enzo (Kevin Costner), em homenagem ao dono da marca Ferrari. O cão passa a acompanhar Denny tanto em casa quanto nas corridas, se tornando seu companheiro fiel e absorvendo a paixão e a adrenalina do rapaz pelo esporte. Na vida pessoal, Enzo está presente também quando Denny conhece sua futura esposa Eve (Amanda Seyfried) e tem sua filha. O cão acompanha e aprende muito com a trajetória de sua nova família, que passa por altos e baixos. 

Personagens, atuações e narrativa

A primeira coisa notável do longa é que a história é contada sob a perspectiva de Enzo. A narração de Kevin Costner é divertida, mas as primeiras cenas causam um certo estranhamento pelo flashfoward em que se inicia o filme – já bastante no final, quando vemos Enzo abatido – A fala do cachorro, ao mesmo tempo que é motivo de graça e o que chama atenção na narrativa, às vezes é cansativa, pois parte da narrativa inicialmente só faz sentido contada pelo personagem. Há certos momentos que a utilização da narração não é um elemento realmente necessário e se torna perigosa, pois afinal de contas, as imagens falam por si só. Em todo caso, Enzo é muito inteligente, tem senso de humor e se humaniza a todo tempo, se comparando a um ser humano e confrontando seus hábitos, o que deixa a história mais leve e descontraída. 

Levando em conta que há uma constante narração no filme, tanto diegética quanto não diegética – ou seja, a fala do cão se mostra em seus pensamentos em cena e também fora da cena, como um narrador – a mixagem do áudio acaba deixando o volume dos diálogos baixos demais em relação à voz de Enzo como narrador, o que torna o filme sonoramente um pouco incômodo no início. No quesito visual, as imagens de automobilismo acrescentam um tipo de cenário diferente e interessante à ambiência do filme, por conta da profissão do protagonista. 

O roteiro de Meu Amigo Enzo é bastante previsível. O plot twist é tênue, não agrega grandes surpresas e mantém um pouco o filme em um tom ameno a todo tempo. Ainda assim, não deixa de lado elementos de comoção, pois certas cenas lidam com momentos tristes da vida de Denny e sua família de forma delicada e sentimental. Destaque para Amanda Seyfried, que apresenta um desempenho tocante com sua personagem Eve, uma professora que acaba enfrentando divergências familiares e se casa com o piloto Denny – e em seguida [SPOILER ALERT] descobre uma doença que acaba abalando a todos e desencadeia uma série de conflitos entre o pai, a mãe e o marido. Embora as atuações sejam consistentes para cada papel designado, não há muitas camadas trabalhadas nos personagens fora o próprio cachorro Enzo, o que acaba não produzindo um elo de identificação tão eficaz no espectador. 

Depois dos créditos

Meu Amigo Enzo surge em mares conhecidos por antecessores famosos como Marley & Eu, e o novo filme sobre um cão e sua família deixa a desejar na originalidade. É repleto de ternura e graça, mas a linearidade do longa-metragem o torna pouco surpreendente e pressuposto. Mesmo assim, a presença do cãozinho em tela é confortante e agradável.

 

Escrito por: Roberta Braz
Revisão: Raquel Severini

6.5

NOTA

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