Crítica | M8 – Quando a Morte Socorre a Vida

Filme forte, de mensagem poderosa e clara. Imperdível, com certeza!

 

Antes do filme 

O mais novo filme brasileiro dirigido por Jeferson De, M8 – Quando a morte socorre a vida, chega com tudo nos cinemas nesta semana. O filme tem seu holofote no jovem preto Maurício, que acaba de começar sua jornada de estudos em medicina em uma Universidade Federal na capital do Rio de Janeiro. 

O jovem logo se percebe em um ambiente no qual corpos pretos estão na sala de aula de anatomia sendo abertos e estudados, ao invés de em pé como alunos, assim como ele. O protagonista analisa o ambiente, que é predominantemente dominado por pessoas ricas e brancas, desta forma, Maurício começa a se questionar sobre quem são os corpos pretos usados como instrumento de estudo e de onde eles vêm.

 

Durante o filme 

Com esse questionamento, começa a grandiosa narrativa desse filme, feito em cada detalhe com muito cuidado e moldado para nos envolver e refletir do ínicio ao fim. Com uma equipe de atores impecável, temos como ator principal, Juan Paiva. Paiva interpreta um jovem que, infelizmente, sente a Universidade como um ambiente adverso, justamente pelo fato de sua cor e classe social. O ator passa muito bem essa sensibilidade em sua fala e trejeitos, que quando estão no ambiente hostil se mostram muito diferentes de quando ele está em casa com a mãe, por exemplo. Em paralelo, o ator também expressa o quanto a questão e história dos corpos intriga o personagem e o faz querer saber mais sobre eles.

A questão racial é central nesse filme, e principalmente a desigualdade social que esse desequilíbrio na sociedade causa em vidas pretas, em mães e filhos e como isso reflete o conceito do que é justo em uma sociedade ou até mesmo de como se faz justiça. O filme conta com diversos atores pretos que são referências na dramaturgia brasileira como, Lázaro Ramos, João Caiabe, Zezé Motta e Aílton Graça. 

O destaque vai para o ator Raphael Logan e para a atriz Mariana Nunes. Logan tem grande destaque, pois dá rosto ao corpo estudado pelo protagonista na sala de aula de anatomia. O ator passa o filme todo em silêncio e nu, o que com certeza deve ter sido um grande desafio para ele. A atriz Mariana Nunes interpreta a mãe de Maurício, o que de acordo com a atriz, foi uma experiência muito desafiadora, pois não é mãe fora das telas. Nunes está impecável e transmite uma imagem de mãe muito forte e poderosa. 

Depois do filme 

Por fim, o filme fecha com uma mensagem muito forte, principalmente para um país no qual a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Muitas vidas são perdidas e contabilizadas, João Pedro, Miguel, Micael, Guilherme Carlos, esses são só alguns nomes de jovens que perderam suas vidas a troco de uma “justiça” injusta. O filme nos dá o olhar de tantas mães que não tiveram ao menos a chance de se despedir de seus filhos, de dizer o último adeus.

Edição : Hugo Montaldi

Revisão: Thaís Trindade

8

NOTA

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