Antes da temporada
Depois de todas as séries da Marvel, DC, Mundo Sombrio de Sabrina, Umbrella Academy, ninguém esperava que as séries baseadas em quadrinhos acabassem. Locke & Key, no entanto, não alcança o potencial do material original.
A nova produção da Netflix, que segue a onda teen, recria o universo das HQs de Joe Hill, depois de algumas tentativas de adaptação para filmes e séries. Ela conta a história de três irmãos, Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott), que se mudam com sua mãe Nina (Darby Stanchfield) para a casa da família do pai, depois que ele morre. A casa abriga chaves mágicas com poderes surpreendentes, e os irmãos devem protegê-las para que não caiam em mãos erradas.
Durante a temporada
Já podemos ver as diferenças entre a série e os quadrinhos desde o primeiro episódio. Não apenas a história muda, como também o tom violento e aterrorizante da HQ também. Na série, a vivência de Tyler e Kinsey na escola é um dos componentes principais, introduzindo novos personagens e se tornando, de fato, um programa adolescente. Para a Netflix, esse formato é um sucesso, apostando na audiência. Porém, para os fãs mais ortodoxos das HQs, não é um agrado.
A história começa se sustentando no mistério envolvendo a morte do pai e como cada componente da família lida com o luto. Não demora para que Bode comece a encontrar algumas chaves mágicas na casa nova, e é aí que a fantasia começa. A descoberta a função de cada chave é sempre rápida, mas também envolvente, principalmente as chaves da caixa de música e da chave principal (da cabeça).
Mesmo com uma história relativamente diferente, a mitologia de Locke & Key permanece na essência. Os cenários são muito bem pensados para a história, os efeitos visuais são bonitos de se ver e as atuações estão ótimas. A série não subestima os personagens mais novos, e conseguimos ver uma importante participação do jovem Jackson Robert Scott, interpretando Bode.
Apesar de a classificação etária ser de 16 anos, as cenas de suspense e terror não dão medo, e não deixam expectativas. A trilha de corpos deixados pela “moça do poço” não causa emoção no espectador, quase como se não importassem para a história, nem mesmo para a construção da personagem. A luta final também tem suas falhas, uma vez que o perigo representado pela vilã não parece ser grave. A reviravolta no fim do último episódio, que envolve mudança de aparência pela chave da identidade, é o gancho para uma segunda temporada.
Depois da temporada
Locke & Key é entretenimento na certa, mas não se consagra como uma série marcante para a Netflix. A proposta de suspense e terror não se concretiza e nos deixa esperando por um desfecho que não acontece. A segunda temporada está em desenvolvimento, mas se a história não tiver um vilão que represente uma real ameaça, pode ser a última.