Crítica | Guerra Civil

Estrelado pelo ator brasileiro Wagner Moura, longa estreou em solo nacional e é sucesso de bilheteria da A24 no Brasil

ANTES DO FILME

Guerra Civil é o novo filme do diretor e roteirista britânico Alex Garland (Ex Maquina e Aniquilação), que com o alto investimento da produtra A24 entrou em cartaz nos cinemas brasileiros no último dia 18/04 e já é um grande sucesso de público e bilheteria. No primeiro dia de exibições em solo brasileiros a produção levou um público de quase 40 mil pessoas aos cinemas e arrecadou mais de R$ 800 mil apenas um dia, se tornanso a maior abertura da A24 no Brasil e a segunda maior abertura da história da Diamond Films no Brasil, também em renda. Nos EUA o filme também liderou as bilheterias.

 O longa é estrelado pelo conhecido ator brasileiro, Wagner Moura, que interpreta o jornalista Joel, além de nomes como Kirsten Dunst (Homem aranha e Melancolia), interpretando a fotojornalista Lee e Cailee Spaeny (Priscilla e Suprema) como Jessie.

DURANTE O FILME

Guerra Civil é uma distopia americana onde o atual presidente dos Estados Unidos é um facista que está em seu terceiro mandato seguido (quando a Constituição americana só autoriza dois), suas ações geraram atritos na populução e fez surgir uma coalizão seccionista entre alguns estados, entre eles, Califórnia e Texas.Um dos chamarizes do filme é criar um cenário de guerra em território estadunidense.

A trama segue 4 jornalistas que estão em busca de chegar próximos ao fronte de batalha e a Washinton D.C. Lee é uma fotojornalista de guerra renomada e viaja o país para registrar os embates, ela demonstra desgaste com a profissão e as coisas que viu durante os anos. Ela se questiona se o que faz tem impacto real no mundo, pois após tanto anos registrando conflitos, essas imagens pertubam sua cabeça e aparentemente o mundo não muda. Ela tem como dupla o também jornalista Joel, que se mostra um entusiasta do perigo, viciado em adrenalina com sentimentos a flor da pele.

Antes de partir em direção a capital eles cobrem uma revolta popular Nova Iorque e conhecem Jessie, uma fotojornalista inexperiente que tem Lee como inspiração. Lee se vê em Jessie, com sua juventude e determinação. Além de Jessie, eles encontram no hotel em NY o experiente jornalista Sammy, interpretado por Stephen McKinley Henderson, que mesmo com idade avançada tem o desejo de ir até o fronte de batalha.

Os 4 então partem em uma jornada muito angustiante e perigosa até a capital em uma caminhonete de imprenssa.

DEPOIS DO FILME

Guerra Civil é um road movie, durante a viagem, várias situações dificéis aparecem para os personagens e o longa explora bem a violência de uma guerra, nesse caso um dos diferenciais do filme é trazer esse cenário de conflito armado para o solo dos EUA, mas dessa vez o inimigo não são alienígenas ou outras nações, mas sim outros americanos que pensam diferente.

A maior crítica do filme é o cenário de polarização política e os impactos do ódio no mundo real, mas para contar essa história, Garland, escolhe se isentar de escolher e até mostrar um lado do conflito. As motivações de cada lado, como esses dois Estados Unidos se formaram, que escolhas e ações do atual presidente levaram a essa consequências, o que cada um desses lados do confito acreditam, todos esses questionamentos não são respondidos em mais de duas horas de duração.

Ao escolher posicionar seus protagonistas como jornalistas que são meros espectadores da brutalidade o diretor se isenta de qualquer discussão mais profunda acerca de qualquer motivação para a polarização e suas consequências parecem ser “apenas” sangue, morte e um país devastado. Em duas horas de filme esse debate poderia ser melhor desenvolvido. Apesar disso o diretor deixa algumas mensagens nas entrelinhas e nas escolhas da direção de arte e figurinos. Em momentos chave do filme não sabemos com qual lado da guerra os protagonistas estão lidando, a brutalidade é apenas refletida nesses personagens.

O filme em si é uma grande homenagem ao fotojornalismo. Deixando isso claro não só no roteiro, mas também em elementos da direção, Garland sabe o poder que uma imagem de violência tem e replica quase com perfeição imagens de conflito. Conflito esse que aliás é muito bem sentido nas cenas de confronto, o design de som do longa somado a fotografia nós transporta até o tiroteio, cada bala que perfura construções e paredes é sentidada pelo espectador, deixando assim uma sensação de perigo constante com a vida dos personagens.

Wagner Moura tem aqui uma ótima atuação, prejudicada por um roteiro que o permite ser apenas um jornalista bebâdo, emotivo e viciado na adrenalina de cobrir esses conflitos geram, é também o personagem mais emotivo da trama. Por outro lado, Kirten Dunst parece não mudar de feição durante todo o longa, talvez ela tenha levado a apatia e frieza da personagem a sério demais, pois em momentos que a sua atuação deveria se sobressair seu rosto mostra apenas abatimento.

Ao final saí com um gostro amargo da sessão de Guerra Civil, muito por conta da expectativa por mais um filme dirigido e escrito por Alex Garland. A sensação é de que a direção sabe exatamente o que quer mostrar visualmente (guerras, conflitos armados e a onda de violência e mortes que elas geram), mas seu roteiro se perde todas as vezes em que prefere desenvolver seus personagens dentro da problemática e não a problemática que seus personagnes estão vivendo.

7.5

NOTA

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