Cidade Perdida - Imagem/Foto de Divulgação

ANTES DO FILME 

Angela (Sandra Bullock) é uma frustrada escritora de romances de aventura que acaba de lançar seu mais novo livro: “A Cidade Perdida de D”. Durante a turnê de promoção do livro, ao lado do modelo de capa Dash McMahon (Channing Tatum), a literata é raptada como parte de um plano do famoso dono de negócios Abigail Fairfax (Daniel Radcliffe). O filme que também conta com Brad Pitt e Da’Vine Joy Randolph no elenco é, possivelmente, o último da carreira de Bullock antes de seu hiato. 

A vencedora do Oscar por Um Sonho Possível (2009) revelou recentemente o seu desejo em largar a carreira para cuidar da família, no entanto pretende retornar quando seus filhos chegarem à idade adulta. A dúvida fica: será Cidade Perdida um notável filme de conclusão para a carreira da atriz? 

DURANTE O FILME 

O filme é claro em relação ao seu tema desde os minutos iniciais: temos uma autora de livros em um período de supressão de ideias, em outras palavras, um período de cansaço. A sua editora, interpretada aqui por Da’Vine Joy Randolph, quer o livro pronto o mais rápido possível, mas para Angela algo está faltando. Esse faltando é, por fim, o que o filme procura abordar. Todavia, se a renomada escritora encontra dificuldades para terminar seu livro dignamente, não obstante, o próprio longa também encontra problemas na sua abordagem.

 As ideias em Cidade Perdida não são de completo desânimo, mas sim, de um leve cansaço mental. O filme busca trazer ao espectador uma hora de entretenimento pautado na comédia pura, que sim, acontece regularmente, mas que também traz um considerável desgaste: há, aqui, uma falta de direcionamento do humor na totalidade, ou seja, na própria forma em que o filme trata sua comédia. 

O humor não é situacional, e sim conversacional, apesar de piadas serem feitas com as situações base da trama: a promoção do tour e a ilha, por exemplo. As interações entre os personagens são os principais artefatos que o filme usa para construir sua narrativa. Infelizmente, apesar das inúmeras tentativas de criação de alegria espontânea, há uma considerável disparidade entre o desejo final do filme e como ele tenta alcançar isso. É cansativo e desgastante a constante mudança de tons e as inúmeras tentativas falhas em gerar gargalhada com tão pouco. Logo, falta polimento sobre o resultado mostrado na tela. 

Há de se destacar, por fim, as qualidades existentes. Primeiro, o filme nunca se leva a sério mais do que é; não que seja cafona ou coisa semelhante, mas sim perfaz do uso de uma linha tênue entre realidade e exagero que funciona perfeitamente nas cenas onde o humor é natural e conduzido pela interação entre dois ou mais personagens. Falando em personagens, há também uma construção válida desses elementos narrativos: fidelidade a si mesmos. Em um filme como esse é comum os personagens terem viradas bruscas na sua personalidade buscando

atingir um objetivo final almejado pelo roteiro, no entanto, desde a autora ao modelo de capa; da agente ao supervilão, todos cumprem seu papel para criação de uma retórica consistente. 

DEPOIS DO FILME 

Cidade Perdida está longe de ser uma catástrofe, mas infelizmente peca ao querer atingir muitos objetivos inconsequentemente. O elenco é consistente e navega bem entre os tropeços do roteiro, mas não é o suficiente para salvar o filme. Há de se destacar aqui o trabalho de Daniel Radcliffe como o vilão que quer encontrar um grande tesouro perdido em uma ilha no meio do Atlântico: o ator continua mostrando suas habilidades humorísticas em um papel que lhe cabe muito bem.

 Independente dos erros, Cidade Perdida não é um desastre, mas sim uma série de tentativas de falhas e acertos; vale a pena conferir, mas as expectativas precisam ser baixas para aproveitar o filme da forma em que ele quer ser e, eventualmente, é.

(Esse texto foi escrito por Gabriel Paiva e revisado por Hugo Montaldi)

6

NOTA

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