Crítica | Beau Tem Medo… Mas Ari Aster não

Filme surreal e absurdo é difícil de ser colocado em uma caixinha: é comédia, terror ou drama?

Antes do filme

Depois do terror escancarado de Hereditário e Midsommar, Beau Tem Medo é o novo longa do diretor alternativo Ari Aster, que já virou queridinho da A24. A produtora, por sua vez, está nos holofotes depois de ganhar diversos prêmios, inclusive 9 Oscares em 2023. O filme ainda tem Joaquin Phoenix (Coringa) no papel principal, como Beau. Então a expectativa era grande.

ATENÇÃO: a partir daqui, há spoilers do filme.

Durante o filme

Já aperta o cinto que é uma longa viagem de 3h. Quando você acha que acaba, continua por mais 1h. Pausa para xixi? Não tem. Nem para você, espectador, e nem para Beau. O personagem principal é um homem de meia-idade paranoico e neurótico que tem medo de tudo: aranhas, vizinhos, remédios, sexo, doenças testiculares… A ideia é que essa viagem leve nosso protagonista até sua cidade natal, para se encontrar com a mãe, Mona (Patti LuPone).

O filme pode ser dividido em 4 etapas, cada um com sua própria ambientação. Enquanto o primeiro parece mais um filme de terror com serial killer em um bairro perigoso, o segundo acompanha uma família em uma casa no subúrbio. Na terceira parte, Beau se encontra em uma floresta e, na última, em uma casa de luxo. Nenhuma delas parece se conectar com a outra, o que nos deixa sempre a pergunta: o que o diretor quis dizer com isso?

Por mais que o longa dê muitas e gigantescas voltas, no fundo, o tema do filme é maternidade. Especificamente, maternidade tóxica. É só no final que temos uma vaga ideia (bem vaga mesmo) do que moldou a personalidade passiva e culpada de Beau, e quem o manipulou durante a vida toda para que ele tivesse tanto medo.

Diferente dos outros filmes do diretor, Beau Tem Medo lança mão de pesadelos surrealistas e personagens sem um claro propósito. Como sempre, Phoenix brilha na atuação em seu melhor papel: um homem perturbado. Por outro lado, atores como Nathan Lane e Patti LuPone são gastos e possuem pouco tempo de glória.

Depois do filme

Vendida como uma “extraordiária aventura”, o filme não é o que parece ser. Pode até ser considerada propaganda enganosa. Mas a verdade é que não é possível compreender a mente do diretor e muito menos o filme. Nem mesmo se você procurar no Google: “Beau Tem Medo final explicado”.

Vale a pena ver o filme? Sim. Você vai gostar? Provavelmente não. Com certeza é interessante ver o diretor se embrenhando em gêneros que não são terror clássico; no entanto, é preciso muita coragem para criar uma história de 3h polêmica e divisora de opiniões dessa forma. Pode ter certeza que Ari Aster não tem medo nenhum.

6.4

NOTA

Compartilhe: