Crítica Amazon Prime | Se a Rua Beale Falasse – Um filme que te faz pensar!

Sobre uma jornada dolorosa e injusta

Se a Rua Beale Falasse é um filme da Amazon Prime, dirigido e escrito pelo premiado diretor e roteirista Barry Jenkis, o mesmo de Moonlight, além de ser baseado em um romance de mesmo nome escrito por James Baldwin

Retrata a história de um casal negro apaixonado, Tish (Kiki Layne) e Fonny (Stephan James). Eles estão prestes a construir uma vida juntos e cheios de planos, até que Fonny é acusado injustamente do crime de estupro. Então Tish, ainda que grávida, precisa lutar para provar a inocência de Fonny, pois talvez ele consiga sair antes do nascimento do bebê.

Durante o filme 

Se a Rua Beale Falasse não é linear, ele começa com Fonny já na cadeia e vai narrando gradualmente a longa trajetória do casal. Do amor puramente devocional de suas infâncias, até chegar ao amor palpável, concretizado. Apesar de não seguir uma linha temporal contínua, é um filme fácil de acompanhar e entender, pois cada fase é muito bem marcada e do meio para o fim, segue sem flashbacks.

A parte visual do filme é harmônica e romântica, mas também melancólica. Isso porque, não existe espaço para loucuras de amor e preocupações particulares do casal, mas sim de resistência, de revolta e da determinação de Tish em provar a inocência de Fonny. Ao mesmo tempo sofrimento e resignação de saber que por ser um homem negro Fonny estará sempre com uma mira nas costas. 

Um dos pontos mais fortes do filme, se não o mais forte, são as atuações. A história do filme é extremamente triste e bem colocada, mas depende muito da grandeza das atuações e é isso que acontece. Não apenas o casal principal, como também a mãe de Tish, Sharon Rivers (Regina King) e a mãe de Fonny (Aunjanue L. Ellis) dão um show com suas atuações, mas principalmente o casal protagonista.

Na última cena do drama, vemos um diálogo silencioso entre eles. Pelo contexto, compreendemos mais sobre os sentimentos e pensamentos dos personagens neste ponto, do que em qualquer momento anterior. Eles não se queixam sobre a perseguição que sofrem unicamente pela sua cor, as revoltas são sempre sobre fatos momentâneos. Mas na cena final, seus olhares dizem tudo o que não disseram antes, o que faz mais sentido do que qualquer fala poderia fazer. E não haveria momento melhor para o filme terminar que esse. Nesse sentido, é possível perceber o cuidado e a organização com que o roteiro foi feito. É perceptível que cada detalhe da produção foi pensado minimamente e tem um significado especial. 

Depois do filme

Apesar de Se a Rua Beale Falasse não ter grandes reviravoltas, nem manter quem está assistindo super ligado, até porque não é essa a proposta do filme, é nos detalhes que ele te conquista. 

É um filme que te faz pensar e quanto mais você pensa, mais você gosta dele. Não é daqueles que te prende na tela porque ele te leva para realidade, te faz olhar em volta e não apenas na história que  está sendo contada, mas tudo aquilo que ela representa. Quando o filme termina, a sensação que fica é de que ele não terminou ali, não existe alívio, mas uma constatação dolorosa de que a jornada apresentada no início da história é daquelas que não tem fim. 

9

NOTA

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