Antes do Filme
Mais uma adaptação do livro Little Women, de Louisa May Alcott, chegará aos cinemas no Brasil no próximo mês. Sob a direção e roteiro de Greta Gerwig, indicada ao Oscar por Lady Bird: A Hora de Voar, a releitura Adoráveis Mulheres refresca essa tão conhecida história – sete vezes adaptada só no cinema – com um elenco de peso, como Saoirse Ronan, Eliza Scanlen, Florence Pugh e Meryl Streep. O novo filme da diretora é novamente um dos favoritos para o Oscar 2020.
Sinopse
Jo (Saoirse Ronan) é uma jovem escritora que escreve pequenos contos para ajudar sua família. Ela escreve sobre sua vida com suas três irmãs, a mais nova, Beth (Eliza Scanlen), a mais velha, Meg (Emma Watson) e a do meio, Amy (Florence Pugh). Os contos contam com o humor e amadurecimento das quatro diferentes irmãs da adolescência até a vida adulta em companhia da mãe. Entre conflitos domésticos, falta de dinheiro e romances, a história se passa em Massachusetts, em meados do século 19, enquanto os Estados Unidos enfrentavam a Guerra Civil, no qual o pai das meninas servia ao país.
Personagens, atuações e narrativa
A história é mais que conhecida nos territórios norte-americanos – está em filmes, séries, até no teatro. Nesse sentido, Greta Gerwig teve um desafio a mais em direcionar essa narrativa de forma que apresentasse frescor e se atualizasse ao público atual. Sua leitura da obra tem ternura, delicadeza, e não deixa de lado as críticas que chegam graciosamente ao espectador. As protagonistas têm jovialidade, personalidade e atitude, mesmo em uma época que ainda existiam muitas restrições às mulheres. Greta faz um trabalho cativante e atende ao tom da época com gentileza, mas ao mesmo tempo, de forma que facilmente gera identificação com o público.
As atuações acompanham esse ritmo perfeitamente – as quatro irmãs são delineadas em suas diferenças e provocam aproximação instantânea com o espectador. Destaque para Saoirse Ronan, que tem uma desenvoltura já admirada com a diretora, e conduz bem como protagonista da história. Florence Pugh também sobressai no papel de Amy, que acompanha competentes atrizes como a própria Meryl Streep – a qual faz um papel mais pontual no longa, mas não deixa de adicionar seus traços de humor, elegância e maturidade. Toda essa mistura de atores e atrizes incorpora a graça de Adoráveis Mulheres e tem uma sintonia bastante envolvente, mesmo com o distanciamento da época.
Outro ponto encantador do filme são os diálogos, da maneira que a protagonista conta a própria história e das irmãs enquanto adiciona os discursos rebeldes e incorpora bom humor e sutilezas feministas. Evidentemente, o filme se desenvolve em uma atmosfera otimista e suave, pois mesmo diante dos desafios, as personagens têm uma reação sempre bondosa e gentil. Ainda assim, o filme de época escolhe a brandura para revelar camadas esperançosas da jovem Jo e suas irmãs sem deixar de lado críticas relevantes e cenários emocionantes.
Os figurinos de época de Adoráveis Mulheres são deslumbrantes, e fica impossível não reparar na arte do filme, que consegue ser sutil e marcante ao mesmo tempo. A passagem de tempo é um elemento constantemente utilizado para contar a história, e pelos flashbacks e flashfowards se misturando a todo tempo, poderia resultar em uma confusão na montagem. No entanto, não só a arte, mas a fotografia e a própria forma com a qual Greta movimenta a câmera, são harmoniosamente desenvolvidos para que a narrativa tenha um ritmo agradável e coerente entre a oscilação de presente e passado.
Depois dos créditos
Com estreia dia 9 de janeiro, Adoráveis Mulheres, Greta Gerwig consegue novamente coordenar um longa com maestria e assinatura, e ao mesmo tempo, reviver uma história que acentua reflexões viventes até hoje na vida de diversas mulheres.
Escrito por: Roberta Braz