Fazer mais um filme em uma franquia já estabelecida é sempre um desafio. Deve-se procurar um equilíbrio entre novos elementos que movam a história para frente e deem uma certa personalidade a obra, e elementos já estabelecidos que nos façam relembrar o que a franquia tem de especial em primeiro lugar.
Essa tarefa torna-se ainda mais difícil em filmes infantis, onde há muitas vezes um certo receio por parte dos criadores em alterar demais a narrativa ou torna-la mais complexa. O medo de alienar o público-alvo torna a maioria das sequências de filmes infantis bastante formulísticas, repetindo apenas o que deu certo nos filmes anteriores. Alguns filmes, porém, conseguem quebrar a fórmula, levar a narrativa adiante e apresentar novos temas, sem descaracterizar a franquia.
No caso de “Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas” temos uma obra que fica no meio do caminho entre seguir a fórmula dos longas anteriores e levar a história para um lugar diferente. Vemos que o tempo passou desde a última vez que vimos esses personagens. O trabalho de cuidar de um hotel e de uma família deixou todos exaustos, principalmente Drácula (Adam Sandler), que agora se sente sozinho, desde que sua filha se casou e constituiu a própria família.
Sua filha Mavis (Selena Gomez) então tem a ideia de levar todos os monstros para uma viagem de féria em um cruzeiro no triângulo das bermudas, para que ela e seu pai possam descansar dos afazeres no hotel.
No cruzeiro, Drácula se apaixona pela capitã, Anna Van Helsing (Kathryn Hahn) neta de um antigo inimigo de Drácula, que assim como seu avô, jurou acabar com os monstros. Temos então uma história de amor inusitada, o que já é comum desses filmes, entre Drácula e Anna.
Além do romance principal, o filme cria vários subplots, como os lobisomens colocarem seus infinitos filhotes em uma creche, e finalmente terem um momento a sós, ou dos ciúmes que Mavis sente ao ver seu pai se apaixonando novamente. A maioria dessas histórias não se relacionam muito com o arco principal do filme, e estão lá apenas para geraram cenas engraçadas e poderiam ser removidas sem afetar muito a estrutura do filme.
Apesar do roteiro não muito inventivo, o longa compensa com os cenários novos e muito criativos, além dos personagens dos funcionários do navio, que arrancaram risadas genuínas da platéia, além da evolução na animação que sempre foi muito boa desde o primeiro filme. O humor é outro ponto forte desse longa, que consegue divertir na maior parte do tempo, principalmente os expectadores mais novos, que riem de praticamente todos os momentos da obra.
No final das contas, o filme consegue ser muito divertido, mesmo com o roteiro que recicla elementos dos filmes anteriores. Os cenários criativos, a animação fluida e cheia de vida, os personagens carismáticos, as cenas de humor, e as mensagens sobre aceitar o diferente e valorizar o amor e a família tornam “Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas” um excelente divertimento para toda a família.