Crítica Netflix | O Diabo de Cada Dia – O Pecado do Fanatismo Religioso!

Com várias tramas, o filme entretém e mantém o espectador vidrado na tela com belíssimas atuações e um terceiro ato magnifico!

Antes do Filme

O Diabo de Cada Dia é baseado no romance de mesmo nome do escritor Donald Ray Pollock. Já o longa, disponível na Netflix é dirigido e roteirizado por Antonio Campos, filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes com a produtora americana Rose Ganguzza. O cineasta já possuía quatro longa-metragens em seu currículo, o que o torna experiente e, claramente, um conhecedor da sétima arte. Antonio Campos consegue amarrar bem a história que contém múltiplas tramas envolvidas, com diferenças de tempo e cidade. No entanto, todas elas tem como conexão uma única coisa, o fanatismo religioso.

Enredo, Trama e Personagens

Um garoto cresce na pequena cidade de Knockemstiff, na Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos. Nela se encontram pessoas cruéis que buscam se sentir mais próximos de Deus através métodos sombrios e violentos.

Em primeiro lugar o espectador é apresentado a Willard Russel (Bill Skarsgård), um jovem recém saído da Segunda Guerra mundial. Atormentado com os acontecimentos da guerra ele conhece a mulher com quem se casaria anos depois, a garçonete Chalotte Russel (Haley Bennett). Algum tempo mais tarde eles teriam um filho chamado Arvin Russell (Michael Banks Repeta e Tom Holland). Observamos Arvin crescer no meio de um ambiente muito religioso imposto pelo seu pai. Após alguns acontecimentos da trama, Arvin decide se afastar o máximo que pode do fanatismo que destruiu sua família.

Além da história principal, do qual acompanhamos pelos olhares de Arvin Russel, temos mais algumas tramas importantes para o desenvolvimento do filme. Ao mesmo tempo que é mostrada a história da infância do Arvin, nos é apresentado o pastor fanático, Roy Laferty (Harry Melling) que quer provar a sua fé de maneiras mais horrendas, perigosas e estupidas possíveis. Igualmente o casal, Carl e Sandy Henderson (Jason Clarke e Riley Keough), Assassinos em série que matam para se sentirem mais próximos de deus. De mesmo modo vemos o policial e político corrupto Xerife Lee, interpretado por Sebastian Stan. 

Após as apresentações de todos esses personagens temos um salto no tempo e o filme apresenta o Pastor Preston Teagardin (Robert Pattinson) que abusa de fiéis adolescentes plantando suas mentes que aquela é a vontade do criador.

Enfim, com todos os personagens já estabelecidos podemos enxergar um horizonte sombrio e perigoso no qual o filme nos leva. Alguns pontos da cidade e os poucos moradores tem as suas tramas melhores exploradas com o decorrer do filme. É possível perceber como a cidade de Knockemstiff é escura, suja e sem nenhum sinal de prosperidade. As pessoas vivem, literalmente, atrasadas no tempo.

No entanto, o diretor se perdeu um pouco no segundo ato. A trama tem uma perda de ritmo e deixa o assinante da plataforma vermelha sem saber aonde a história quer chegar. Mesmo que o filme, em seu todo, tenha um desenvolvimento lento, ele é necessário para se contar aquela história de forma coerente e de um jeito que faça sentido. Por outro lado, quando o terceiro ato se inicia, para o espectador, é uma verdadeira catarse com os acontecimentos finais do filme, onde vemos todas as histórias se entrelaçando.

 

Depois dos créditos

Desde já é bom deixar claro que esse não é um filme que vá agradar a todos. O tema sobre fanatismo religioso é algo que pode incomodar muitas pessoas, principalmente os mais devotos. A quem vá dizer o diretor Antonio Campos se inspirou no do cineasta Quentin Tarantino, o que realmente parece ter sido, principalmente porque o filme contém múltiplas histórias, saltos de tempo, e um narrador. Lembrando, de certa forma, Pulp Fiction: Tempo de Violência.

Em síntese o longa-metragem traz uma ótima história, com excelentes personagens e atuações maravilhosas de todos os envolvidos, com destaque para Tom Holland, mostrando que pode ser um ator muito mais versátil do que apenas aquilo que a Marvel lhe oferece com o Homem-Aranha. Também é bom parabenizar o Robert Pattinson, que faz o espectador gerar um ódio genuíno pelo seu personagem.

 

8

NOTA

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