Resenha | Superman: Entre a Foice e o Martelo

“Superman o herói do trabalhador comum que luta uma batalha sem fim por Stalin, socialismo e a expansão internacional do Pacto de Varsóvia”

Antes sobre o quadrinho

Lançado originalmente em três partes em 2003,  a revista em quadrinhos Superman: Red Sun, adaptada no Brasil Para Superman entre a  foice eo martelo, Conta a história de um mundo paralelo em que o Homem de aço, vindo do espaço, ao invés de cair  nos Estados Unidos da América, caiu na então União soviética e foi criado pelos então ideais comunistas. 

A série foi adaptada para um desenho animado no início de 2020 e chegou a ganhar um prêmio Eisner em 2004. 

Desenvolvimento 

É estranho imaginar o Homem do amanhã como um símbolo soviético, a ideia de não termos o visitante de Krypton como um símbolo do imperialismo norte americano parece de certa forma errada, talvez até estranha, mas certamente Mark Millar sabe brincar com essa estranheza. 

No quadrinho temos o mesmo personagem que estamos acostumados, um homem que sabe que tem poderes além da compreensão, que sabe que não pertence ao mundo que habita e que tem que tomar cuidados constantes para não ferir ninguém. Um homem idealista e que acredita nas idéias do país em que vive e representa e que faz de tudo para proteger os que ama e respeita, com seu código moral sempre afiado e quase sempre inabalável. A principal diferença é que este Superman é  usado pelos soviéticos como uma arma do estado para vencer a guerra fria, e devido ao seu prestígio e admiração pela população e pelo partido, ele assume como líder da União, e é neste momento que o quadrinho dá um grande tapa na cara do leitor, pois mostra que Ideologia e poder andam lado a lado com a tirania. 

Do outro lado da História, temos Lex Luthor, um gênio, cientista, maquiavélico, egocêntrico, narcisista e visivelmente tirânico, mas que vive e defende os Estados Unidos. Ou seja temos os mesmos personagens que estamos acostumados, com as mesmas personalidades, porém em situações ideológicas distintas, em um cenário rico de guerra fria que torna muito mais amplo  o debate do que uma discussão de capitalismo bom, comunismo ruim, ou vice versa, mas,  ambos podem ser bons ou ruins dependendo da forma e do contexto em que são aplicados. 

Além disso o autor surpreende com as subtramas envolvendo personagens como o Batman Soviético, a Mulher maravilha, o Lanterna verde, Stalin e seu filho Bastardo e Lois…Luthor??

Conclusão 

O quadrinho revela que bons personagens não precisam ser reescritos para funcionarem, eles simplesmente precisam de boas histórias, e boas histórias podem surgir somente com uma simples premissa.  A Forma orgânica que os personagens e o enredo da história se desenvolvem só funciona por que o autor tinha certeza das convicções dos personagens com que estava trabalhando, algo que é raro vermos em quadrinhos e mesmo em muitos filmes. É fácil para um autor perder a mão de uma história quando ela tem passagens de tempo muito longas, como é o caso de Entre a foice e o Martelo,  e é nesse momento que o trabalho de pesquisa de Mark Millar sobre a política se tornam presente para criar uma história não panfletária, mas ,mesmo assim, didática no quesito da fusão de poder e ideologia.

  • Capa dura: 172 páginas
  • Editora: Panini; Edição: 1ª (30 de agosto de 2017)
  • Idioma: Português

 

nota : 7,75

 

Esse texto foi escrito e editado por Hugo Montaldi para o site Refêrencia Nerd, e revisado por Raquel Severini

8

NOTA

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