Crítica | Antologia da Cidade Fantasma – Enredo confuso e narrativa rasa

filme transita entre o drama sobrenatural e o terror, mas é superficial na história

Antes do Filme 

O filme canadense Antologia da Cidade Fantasma (2019), diretor Denis Côté é um drama fantasioso que transita pelo terror de uma cidade no meio da neve, inspirado pelo livro Répertoire des villes disparues de Laurence Olivier. Com estreia no Brasil em 23 de janeiro de 2020, o longa já passou por diversos festivais pelo mundo, incluindo o Festival Internacional de Cinema de Berlim, concorrendo ao Urso de Ouro. 

Sinopse

[Retirado de http://www.zetafilmes.com.br/]
Simon Dubé morre em um acidente de carro em Irénée-les-Neiges, cidade pequena e isolada com uma população de 215 habitantes. Os moradores atordoados mostram-se relutantes em discutir as circunstâncias da tragédia. Daquele momento em diante, tanto para a família Dubé quanto para várias outras pessoas, tais como a prefeita Smallwood, o tempo parece perder todo o sentido e os dias se arrastam sem fim. Algo desce lentamente sobre a região. Nesse período de luto e nessa neblina, estranhos começam a aparecer. Quem são eles? O que está acontecendo?

Personagens, atuações e narrativa

O filme reúne situações dos moradores da pequenina cidade e seus poucos habitantes diante de acontecimentos advindos do acidente. Os personagens, os quais mantém uma relação conectada, vivem em um ambiente onde todos se conhecem e têm um senso de coletividade grande. Nesse aspecto, é interessante observar como Côté distribui as vidas comuns e cruza variadas histórias inseridas naquele ambiente isolado. No entanto, nesse elemento também se vê um ponto negativo, que é a falta de profundidade nos personagens e suas histórias. O filme transita de forma muito superficial na vida dessas pessoas, o que não desenvolve um bom mecanismo de identificação com o espectador e, sendo assim, pouca aproximação com o público. Antologia da Cidade Fantasma se mantém em uma impenetrável atmosfera confusa e cheia de lacunas – o que por um lado, pode ser a intenção do autor, demandando justamente a contribuição de cada pessoa que assista ao filme.

Ainda assim, o filme demora a engatar e prender a atenção, já que realmente não deixa claro para onde deseja guiar sua atenção. Aspectos imagéticos e sonoros deixam a atmosfera ao mesmo tempo medonha e indiferente. A trilha sonora compõe mistério e medo, enquanto a imensidão do cenário e enquadramentos amplos em relação aos planos médios torna aquele lugar ainda mais isolado e os personagens ainda “menores”. Outro fator que colabora com isso é a crueza que o filme de 16mm imprime, quase como um documentário. É notável que, devido a mistura de tais características, a participação atenta do espectador seja essencial para obter uma compreensão do filme.

 

Depois dos créditos

Antologia da Cidade Fantasma sem dúvida alguma demanda uma cautela e atenção especial para ser assistido – é um filme com tom indefinido e confuso. Mas para os amantes de um cinema mais intimista e sem muitas respostas, é uma opção bastante instigante. 

 

 

Escrito por: Roberta Braz

 

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5

NOTA

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