Antes da Temporada:
The Witcher é uma franquia que já possui fãs desde os anos 90, com a publicação de um conto pelo escritor polonês Andrzej Sapkowski. Com o sucesso, veio uma série de livros, um filme, jogos de tabuleiros e de cartas e possivelmente os mais famosos, videogames. Felizmente para nós, não acabou por aí, e a Netflix então lançou uma série da franquia. Por conter criaturas místicas, magia e personagens de cabelo platinado, é impossível não fazer uma comparação com Game of Thrones (GOT), série que nos deixou órfãos em 2019.
O enredo de The Witcher conta a história de Geralt de Rívia (Henry Cavill), um caçador de monstros com poderes mágicos, mas que é renegado em quase todos os lugares que vai. O destino, no entanto, tem outros planos para Geralt. Junto à Yennefer de Vangerberg (Anya Chalotra), uma poderosa feiticeira; e a princesa Cirilla (Freya Allan), ele deve seguir uma jornada atrás de segredos e intrigas no Continente.
Para uma pessoa que não leu os livros e nem jogou os videogames da franquia, a aposta da Netflix para fazer uma série de fantasia que envolva monstros e magia foi muito bem acertada. A nova série da Netflix chegou em boa hora para os amantes de fantasia. Antes de lançar a primeira temporada, a segunda já estava confirmada. No entanto, fica a expectativa: The Witcher pode preencher o vazio que GOT nos deixou?
Trama e Roteiro
Um dos elementos mais importantes desta temporada foi a linha temporal. É importante perceber que a história de Yennefer se passa cerca de 30 anos antes da de Geralt, e que esta se passa cerca de 12 anos antes da trama de Cirilla. Apesar de nos primeiros episódios essa situação ser um pouco confusa, no último episódio todos se encontram temporalmente.
Falando um pouco da história mais antiga, nós nos sentimos apiedados com a situação de Yennefer, uma garota com deformada e sem talento para magia, a princípio. Com o passar dos episódios, Yennefer se força a continuar na escola de magia Aretusa, que é uma forma de superar seu corpo corcunda e torto. Ela finalmente se forma como feiticeira, mas tem deveres junto às questões políticas do Continente.
Geralt, na segunda linha do tempo, é um bruxo nômade cujas únicas posses são sua armadura, suas espadas e Carpeado, o cavalo. Ele tem um forte senso de justiça, tanto em relação aos humanos quanto às criaturas mágicas. Seu caminho cruzou o de Jaskier, um bardo em busca de aventuras que, em troca, escreveu a canção “Dê um trocado para o seu bruxo” para mudar a visão das pessoas acerca de Geralt.
Já Cirilla é a princesa de Cintra, que logo no primeiro episódio tem que fugir para não ser capturada pela província de Nilfgaard, que invadiu o seu reino. Antes de morrer, sua avó pede para que encontre Geralt de Rívia, porque ele é seu destino. Apesar de ter sido capturada algumas vezes, Cirilla conseguiu escapar por conta de seus poderes, que não foram explicados. Podemos perceber, então, que Cirilla é muito poderosa.
Atuações e Personagens
A escolha de um ator veterano no mundo pop (Henry Cavill como Superman em O Homem de Aço) criou expectativas acerca da série. Podemos fazer alguns paralelos com os dois personagens de Cavill: eles são considerados muito fortes, possuem um senso de justiça inabalável, e os dois lutam para encontrar seu lugar no mundo, seja em Metropolis ou no Continente. É impossível não notar a semelhança na atuação, o que pode ser algo positivo ou negativo do modo que é interpretado.
Segundo Anya Chalotra, o maior desafio em interpretar Yennefer foram as linhas do tempo. Como o desenvolvimento da personagem se deu por cerca de 42 anos durante toda a temporada, Anya precisou tornar Yennefer cada vez mais madura e poderosa. Ela entrega uma personagem forte e determinada, apesar de suas motivações e seu desenvolvimento não serem muito claros. No 3º episódio, Yennefer passa por uma transformação que “cura” suas deformidades, ao custo de seu útero; já no 5º episódio, tendo se passado 30 anos, Yennefer quer sua fertilidade de volta, alegando que foi tirado dela a escolha de ter filhos. Yennefer nem hesitou ao passar pela transformação e, três décadas depois, busca maneiras de engravidar.
Cirilla é a personagem com menos informações que temos. Sabemos que ela tem um segredo e que é muito poderosa. Freya Allan nos entrega uma personagem infantil, inocente e carismática, e nós sentimos pena de sua situação e torcemos para que nada aconteça com ela. Ao longo de sua jornada ela encontra aliados e inimigos, mas nem todo mundo é o que parece.
Depois da temporada
The Witcher possui uma narrativa arrastada no começo, mas que engata no meio da temporada, quando já temos noção das linhas temporais e dos personagens. Os personagens são bem trabalhados, com exceção das motivações de Yennefer, mas que não prejudica tanto a história geral. A segunda temporada da série não será dividida em linhas temporais, e poderemos ver o desenvolvimento de Cirilla em relação aos seus poderes, um pouco do passado de Geralt e sua relação futura com Yennefer.
Com tudo isso em mente, podemos responder que sim, The Witcher vai suprir nosso vazio deixado por Game of Thrones, mas nem de longe eles são comparáveis: The Witcher não é o novo GOT, The Witcher é o novo The Witcher.