Antes de lê-lo
Raphael Montes já possui diversos admiradores pelo Brasil e pelo mundo. Seu modo de escrita e suas histórias fascinantes fazem todos aqueles que o lê uma vez, torna-se assíduos fãs. Sua característica principal é desenvolver um enredo cuja essência está na exploração do psicológico de cada personagem, isto é, o que cada componente da história é capaz de fazer em determinadas situações extremas e delicadas. ” Uma mulher no escuro” já propõe, logo de início, uma instigante história de uma mulher que supera seus piores medos e desafios quotidianamente.
Trama
Análogo à citação anterior, ” Uma mulher no escuro” discorre acerca de Victoria, cuja história sofre processo traumatização, o que presencia, no auge de seus 4 anos, após sua festa de aniversário, seus pais e seu irmão serem assassinados e seus respectivos rostos serem pichados de preto. Sendo órfã, é criada pela tia Emília. Ao longo de sua vida, carrega consigo um medo constante ( sim, visto que o assassino pode estar vivo e querendo matá-la), pouco se relaciona com as pessoas ( exceto com sua tia, na qual guarda sua confidência) e uma vida mediana.
Paralelamente, o autor recorre a todo momento ao passado de Victoria ( vulgo infância dela) na tentativa de justificar sua personalidade hodierna. Essa personalidade difícil se intensifica quando um dia Victória adentra em seu quarto e se depara com a tal pichação no quarto: Vamos brincar? A partir desse fato, a história ganha novos rumos. A protagonista imagina que o assassino de seus pais e seu irmão está de volta.
Outrossim, a amizade de Victória é: Arroz ( um jovem que ela conhecera no Rio de Janeiro e tornou-se um colega querido e que possui como divertimento visitar apartamentos nos domingos juntamente à protagonista), tia Emília ( que cuidou dela e vive num asilo super aconchegante), dr. Max ( seu psiquiatra, que se propôs a ajudá-la, alegando ser um caso interessante de analisá-lo), George ( um escritor que passou a frequentar o Café em que Victória trabalha e apaixonou-se por ela).
A trama ganha outro contorno quando Victória resolver procurar Sofia ( irmã de seu pai) a fim de que tenta saber o porquê dela ter sumido antes da tragédia e depois. A partir desse momento, um misto de acontecimentos tomam conta da narrativa que mexem com todos, inclusive com Victória. Diversas sujeiras e segredos vindo a tona.
Personagens
Há certos personagens da trama que não são tão importante e, portanto, não deveria sequer serem citados. Um exemplo nítido é Margot, colega de trabalho de Victória no Café. Embora em toda a trama Victoria pareça uma personagem insossa e melancólica, ao longo da história se mostra forte frente ao desafio de caçar o assassino de sua família. George, de início, parece só um apaixonado pela protagonista, todavia, ao longo da trama, ganha uma importância.
” O Pichador” que matara sua família em sua festa de aniversário desde o início é um mistério, visto que pode ser um dos três homens que “convivem” com a protagonista. Sofia também ganha destaque do meio do livro para o fim, visto que é fundamental para o findar da narrativa. Tia Emília ganha consigo segredos que, desde o início, nos fazem perguntar o que ela sabe (outro mecanismo do autor para prender a atenção do leitor). Arroz é o personagem carismático, que todos gostam e torcem para que se case com Victória, mas que também, em determinada parte do livro, nos faz ter dúvida se ele é ou não “O Pichador”.
Crítica
O livro é incrível. Como dito anteriormente, nos prende a atenção até o fim. Raphael consegue utilizar os mecanismos de ação na hora certa, sem grandes exageros. Ao mesmo tempo que nos coloca para refletir acerca da melancolia, da dependência e da resignação na vida. A meu ver, poderia ter continuação. Será que depois do ” Pichador” morto, ela conseguirá ter paz? Será que sua vida andará normalmente agora? Será que Sofia se aproximará dela?
A mensagem contida no livro é, sem dúvida, feminista. Uma mulher disposta a descobrir a verdade se reinventa e não mede esforços até conseguir o determinado intento. Num mundo de mentiras, ” Uma mulher no escuro” propõe uma ampla reflexão a respeito da moral, da ética, dos valores familiares, dos traumas infantis ( até senti falta do autor citar Freud rs).
