Antes do filme
O estilo found footage voltou à moda no começo dos anos 2000, sendo utilizado em diversos sub gêneros do terror. Hoje, com a difusão do YouTube como ferramenta de comunicação, parece razoável pensar que tal estilo toma-se novos contornos ao ser revisitado. É o que O Manicômio (Heilstätten) traz aos cinemas brasileiros em 2019, dando início aos filmes de terror do ano.
Trama e Personagens
No longa acompanhamos dois canais rivais do YouTube que decidem fazer um desafio em um manicômio abandonado, famoso pelo tratamento desumano aplicado aos tuberculosos durante o Terceiro Reinch. Um dos canais tem como tema pegadinhas (ou trollagens) e o outro é focado em beleza e estética feminina. A ideia é passar 24 horas no manicômio e quem desistir primeiro perde.
Finn (Timmi Trinks) e Charly (Emilio Sakraya), do canal de pegadinhas, contam com a ajuda de Theo (Tim Oliver Schultz), um nerd que trabalha com turismo mas antes costumava fazer vídeos com Finn. Para completar a confusão, temos a protagonista Marnie (Sonja Gerhardt), que também é uma youtuber, só que com menos sucesso, que é ex-namorada de Theo e tem um histórico psicótico-mediúnico com o manicômio.
A história do manicômio se baseia basicamente em uma determinada paciente que passou a assombrar o lugar. São feitas referências a casos específicos de assassinato, com algumas montagens para ilustrar a história (um found footage dentro do found footage) e de vez em quando acontece alguma atividade paranormal. Algo simples e que dificilmente daria errado. Teoricamente.
A sensação que acompanha a maior parte do filme é a de desinteresse. A ameaça não é interessante, os personagens são mais irritantes do que qualquer outra coisa e parece que toda a história se dedica a mostrar como youtubers são idiotas. Existem sustos aqui e ali, mas nada que incite algo além de mero reflexo sensorial. As vezes as cenas podem até mesmo beirar o ridículo, dado o comportamento inconstante e histérico dos personagens durante sua fixação por filmes tudo.
Além da crítica pertinente, embora mal executada, o filme apresenta um final interessante. Algo que realmente seria um diferencial se não parecesse apenas uma desculpa esfarrapada para dar algum ar de inteligência e originalidade ao roteiro. É a cereja trash do bolo de ódio destinado ao conteúdo raso que permeia o YouTube de hoje. Mas não é o suficiente.
Depois dos créditos
Como se não bastasse o interessante twist, relacionado à crítica que permeia o longa, os momentos finais do filme desfazem a ousadia apresentada anteriormente. Essa inconstância que se concentra no final da película resume bem a confusão que se passa ao longo do filme.