Critica | A Menina e o Leão

Além das câmeras

Todo o filme que fala sobre a história de amor e amizade entre uma pessoa e um animal precisa passar emoção ao espectador. Mas, não somente isso, é preciso ser fiel aos detalhes de modo a parecer que aquela relação é verdadeira. Nesse aspecto, podemos dizer que “A menina e o Leão” cumpre com seu papel principal ao trazer um verdadeiro laço capaz de emocionar e proporcionar reflexões.

Direção

O fato da produção ter levado três anos para realizar as filmagens conseguiu fazer com que o laço entre a atriz e o animal fosse bastante convincente. Para isso, o diretor Gilles de Maistre criou uma sequência de cenas baseada na relação entre Mia (Damiah de Villiers) e Charlie que promete encantar pela fofura de um pequeno filhote com seus gestos.

Porém, infelizmente, durante boa parte do filme foram usadas repetidamente músicas de fundo de forma insistente, o que acabou dando a impressão de exagero diante da tela. Nítido para um entretenimento familiar, o longa agrada mais um público infantil do que os adultos.

Personagens e Atuações

Desde o início do filme conseguimos notar uma certa pressa em mostrar o leão crescido e por isso os aspectos relativos à família de Mia acabam sendo narrados muito rapidamente. O pai (Langley Kirkwood) demonstra ter um caráter diferente da mãe Alice (Mélanie Laurente). Enquanto essa demonstra claramente ser uma defensora dos animais, o pai é um tanto quanto duvidoso. Mick (Ryan Mac Lennan), o irmão de Mia, aparece como sendo parceiro da protagonista, mesmo tendo sua história contada rapidamente. A passagem de tempo e tudo que se sucede é dado pelo crescimento de Charlie.

Para um filme que foi gravado com cenas reais entre as pessoas e o animal, o longa cria a expectativa de poder surpreender o público, mas ao invés disso, as cenas não conseguem aprofundar as relações. Com isso, sabemos que os irmãos são próximos por um contexto geral, mas não vemos muito isso, assim como o laço entre a protagonista e o leão. Embora bem demonstrado, não é nada além do esperado de um filme que poderia ter sido gravado sem a presença do animal real.

No final, mesmo que Damiah conquiste nossos corações, não faz cair nosso queixo. E isso não é culpa de sua atuação, mas de todo um roteiro que não a complementa.

Enredo do Filme

De início, a família não é a favor da amizade entre a jovem e o animal, mas com o passar do tempo é possível identificar que o leão representa muito mais para Mia do que um simples “bicho de estimação”. A relação entre ambos é o coração do enredo. Embora a menina tenha uma grande afeição por Charlie e esse seja seu grande amigo, o filme mostra que o seu pensamento é objetivo sobre salvá-lo e com isso, deve levá-lo à natureza para a sua liberdade.

É normal nos pegarmos com receio de que o animal a qualquer momento poderia machucar a menina, já que a relação entre ambos é envolve um animal selvagem.  Mas ao longo da exibição esse medo é substituído por um afeto, junto a preocupação de conseguir salvá-lo do mercado de tráfico de animais.

O filme aborda uma temática que é muito delicada e tem como objetivo passar uma mensagem aos telespectadores, mas acaba relatando em alguns momentos de forma engraçada, perdendo a oportunidade de passar a seriedade necessária.

Relação com a realidade

Enfatizado pelos créditos finais, o fato dos leões estarem em extinção nos aproxima de uma realidade que é muito mais comum do que imaginamos. O filme tem um grande peso de denúncia à caça esportiva, especialmente na África do Sul.

Embora no quesito de qualidades técnicas, principalmente para um filme que levou três anos para ser feito, muito foi deixado a desejar. Poderia ter sido trabalhado mais a relação dos demais personagens, uma vez que se tinham cenas para usar, porém o conjunto de recortes mal feitos foram sendo encaixados ao longo do filme, desperdiçando o que poderia ser um ótimo relato de uma relação verdadeira.

Crítica por: Giovanna Pecsen

6.5

NOTA

Compartilhe: