Crítica | A Maldição da Chorona

Previsível e monótono, o novo capítulo no universo de Invocação do Mal demonstra um possível esgotamento da formula utilizada por seus produtores

Antes do Filme

As campanhas de divulgação de filmes como “A Maldição da Chorona“, “A Freira” e “Annabelle” dividem uma característica em comum: o sucesso de “Invocação do Mal”. O trabalho de James Wan estabeleceu um estilo de se fazer terror sobrenatural para grandes públicos, garantindo boas audiências. Espera-se sempre um trabalho minimamente competente nesses longas, mas nem sempre competência é o suficiente para criar uma boa experiência.

Personagens e Atuações

No filme, acompanhamos a família Garcia, que é composta por americanos de ascendência latina inseridos nessa comunidade e suas crenças. Anna (Linda Cardellini) é uma assistente social e mãe viúva, que precisa lidar com os desafios de criar seus dois filhos chamados Chris (Roman Christou) e Samantha (Jaynee-Lynne Kinchen). Quando o fantasma de Chorona começa a assombra-los, eles precisam da ajuda de um curandeiro chamado Rafael (Raymond Cruz).

Esses personagens funcionam harmonicamente dentro do roteiro proposto, embora não haja salvação para certas incoerências em suas personalidades. Afinal, é difícil imaginar que crianças que passem por uma experiência sobrenatural se mantenham tranquilas. Isso faz com que certos momentos de tensão percam o peso justamente pela falta de verossimilhança nas decisões tomadas, algo que é típico de um roteiro que imbeciliza seus personagens, principalmente as crianças.

As atuações são regulares, funcionando dentro da proposta do fraco roteiro desenvolvido por Mikki Daughtry e Tobias Iaconis. O destaque fica por conta de Linda e Raymond, que sabem passar o sentimento de sobrevivência e coragem. Raymond, inclusive, demonstra um bom timing cômico nos momentos de alívio, ainda que questionáveis dentro da história.

Trama e Narrativa

O mito de “la llorona” é algo simples. Uma mulher, mãe de dois filhos, descobre a traição de seu marido e decide matar seus preciosos filhos como forma de vingança. Arrependida e preenchida de ódio, seu fantasma vaga em busca de crianças para substituir sua prole. Não há maior profundidade ou sensação de perigo envolvendo esse fantasma, que assombra uma família atendida por Anna.

Um desejo de vingança faz com que a Chorona passe a assombrar a família protagonista, desenrolando em um embate de fé e mitos dentro da casa da família. O roteiro não possui qualquer profundidade quanto à possíveis superações ou provações dos personagens. Não há situações de embate sobrenatural verdadeiramente assustadoras. Ainda, a aposta do terror fica por conta de jump scares impressionantemente previsíveis, incapazes de tornar a experiência proveitosa.

Depois dos Créditos

Ao fim de 93 minutos de filme o que resta é frustração, já que apesar da competência técnica no âmbito cinematográfico, não se tem uma boa experiência enquanto terror. O longa acaba se apoiando em soluções simples e previsíveis, tendo pouca inspiração para desafiar as expectativas. Não é suficiente estabelecer uma leve conexão com o universo de “Invocação do Mal” e torcer para que o público compre a ideia. É preciso continuar a desafiar os modelos do gênero (e desse universo).

4

NOTA

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