Crítica | A Noiva (The Bride)

Terror russo tem um roteiro fraco que ofusca suas boas ideias.

Na Rússia, no final dos anos 1800, surgiu um ritual, motivado por teorias científicas que diziam que as fotografias poderiam capturar a alma dos mortos.
O ritual consistia em fotografar a pessoa morta, com os olhos fechados e uma maquiagem nas pálpebras, simulando que estivessem abertas. Depois, enterrava-se o corpo junto com o de uma pessoa viva, obrigatoriamente virgem, que estivesse utilizando objetos pessoais do morto, para que assim fosse transferida a alma de um falecido para um novo corpo vivo.
Este ritual é realizado com sucesso por um viúvo, que em um momento de egoísmo traz o espírito de sua falecida amada de volta do descanso eterno.

Tal feito assombra sua família até os dias de hoje, pois o espírito da noiva morta, muito poderoso, exigiu que o ritual fosse perpetuado pelas gerações, que deveriam lhe prover um corpo novo, sempre que o atual envelhecesse demais e morresse.

A futura vítima de tal ato é Nastya (Vyktoriya Glukhikh)
que está prestes a se casar com Ivan (Vyacheslav Chepurchenko) um homem que é contra o ritual praticado por sua família, mas ainda assim concorda em levar a esposa que tanto ama para a casa onde o mesmo será praticado. Se essa última parte não pareceu ter muito sentido, você entendeu o principal problema deste filme, seu roteiro é repleto de furos e problemas de coerência.

Desde inconsistências na trama principal a problemas pontuais, como em uma cena onde Nastya consegue fugir da casa e entrar em um carro, mas ao invés de ir embora e buscar ajuda ela decide sair da segurança do veículo para tentar salvar seu noivo, mesmo estando em menor número e em zero condições de lutar contra os captores. São muitos os momentos em que os personagens tomam ações que não podem se definidas de outra forma se não burras.

No final, por maior que seja a capacidade do espectador de suspender sua descrença e embarcar nas idéias da obra, fica impossível levar a mesma a sério, ou sentir qualquer tipo de tensão ou apreensão.
O que é uma pena, pois o filme opta por criar um clima de tensão, ao invés de dar sustos momentâneos, com barulhos altos repentinos, os famosos jumpscares. O problema é que não há como criar clima de tensão quando há soluções simples para o perigo imposto, que os protagonistas simplesmente decidem ignorar.
No fim, apesar de apresentar uma boa fotografia, uma ambientação gótica e vitoriana interessante,  uma boa trilha sonora e idéias interessantes, “A Noiva” é sabotado por um roteiro previsível, cheio de furos e clichês, que o tornam difícil de recomendar, principalmente em um ano onde o gênero do terror foi agraciado com tantas obras boas.

Não se esqueça também de conferir o vídeo no canal.

4

NOTA

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