Crítica | Orange Is The New Black – 7ª temporada – Final carrega emoção e deixa gosto de quero mais

Entre finais alegres e conturbados, Orange is the new black proporciona um encerramento bem humorado e repleto de críticas sobre o encarceramento feminino e direitos humanos

A sétima e última temporada de Orange Is The New Black estreou na sexta-feira (26) de julho. A série é uma das produções originais mais assistidas da Netflix, também premiada e nomeada em diversos festivais. Não é tarefa fácil finalizar uma história que cativou tantos fãs pelo mundo, mas a criadora e diretora Jenji Kohan terminou no momento certo. SPOILER ALERT aqui pra quem ainda não conseguiu ver (nem a 7ª nem a 6ª) – pare antes de ler e assista se não quiser spoilers. 

Temporada anterior

As detentas de Litchfield, depois da revolta, são movidas para prisões de segurança máxima. Algumas são transferidas para a mesma cidade, na qual são introduzidos novos personagens e guardas, e outras são transferidas para diferentes estados. Nessa temporada, as consequências da revolta reverberam na vida das detentas. Depois do crime cometido por policiais na temporada anterior, que mataram o guarda Piscatella, as envolvidas na revolta são indicadas como culpadas. As amizades entram em risco no intuito de salvarem a própria pele e não aumentarem sua pena. No fim, Taystee acaba sendo condenada à prisão perpétua pelo assassinato do guarda, e outras detentas também pegam a culpa da revolta. Piper completa sua pena e sai da prisão. Blanca também sai, mas é barrada pela imigração americana e é detida pelo visto irregular.

Sinopse da sétima temporada

Piper (Taylor Schilling) agora vive em liberdade condicional e passa por dificuldades na volta para casa – na casa do irmão e da cunhada, ela não consegue emprego facilmente e vive escondendo o fato de ser uma ex-presidiária para evitar julgamento das pessoas – No fim, ela acaba recorrendo a ajuda do pai. Taystee (Danielle Brooks), depois da condenação por assassinato do guarda Piscatella, fica sem propósito e deseja tirar a própria vida ao longo dos episódios. Depois de alguns fatores, ela renova sua motivação e continua lutando pelas mudanças que ela almejava nas últimas temporadas. O relacionamento de Alex (Laura Prepon) e Piper fica desgastado com a distância das duas, que acabam rompendo. Blanca (Laura Gómez) conhece o local em que diversas mulheres aguardam a regulamentação de seu visto nos Estados Unidos – muitas estão ilegalmente no país, tem família e filhos – e são tratadas com absoluto descaso e sem respeito aos seus direitos. No fim, ela consegue a permanência no país, mas resolve viver com namorado fora dos EUA. Cindy (Adrienne C. Moore) sai da prisão, às custas de ter culpado Taystee pelo assassinato de Piscatella – as duas também não se falavam mais – e volta para casa, também encontrando dificuldades. Daya (Dascha Polanco) se torna uma das chefes do tráfico na prisão após a morte de Daddy e também é usuária de drogas. Sua mãe, Aleida (Elizabeth Rodriguez), acaba presa novamente e as duas disputam as vendas internas. Algumas outras personagens têm finais não tão felizes assim, entre doenças, morte ou deportação. Em síntese, a finalização da série é diversa para todas as personagens.

Trama e Narrativa

A série se inicia em 2013 com a chegada de Piper na prisão, e nada mais justo que encerrá-la no fim do cumprimento da sua pena. Mesmo assim, OITNB cativa pelo seu elenco arrebatador e as histórias de vida de cada detenta. Isso nos leva a desejar um final digno a cada personagem, mas claramente como a vida real, nem tudo são flores ou finais felizes. Algumas personagens deixam a trama sem muitas explicações, o que dá a impressão de inacabamento, além da angústia de vermos seus problemas não resolvidos. Ainda assim, é visível que a temporada final não está interessada em resolver necessariamente os conflitos das personagens, e sim mostrar suas infelicidades e vitórias, por maiores ou menores que sejam. Como de costume, os flashbacks mostram as vidas de algumas delas, revelando camadas das personagens e suas motivações. Esse artifício aproxima a história de cada uma delas ao espectador e cria um vínculo de empatia incrível, sendo o ponto mais alto da série. As lembranças e situações de cada indivíduo são colocadas na trama com algum ensinamento, o que proporciona experiências diferentes e reflexões relevantes sobre assuntos como preconceito, discriminação e direitos humanos. Indubitavelmente, o final deixa uma carência, pois a história não termina. Ainda assim, ele tenta honrar as personagens que passaram pela série de alguma forma e deixar lições oferecidas por elas. Há a participação de alguns antigos personagens, tanto nos flashbacks quanto no último episódio ao mostrar outras prisões com o elenco anterior a revolta e agrega frescor à despedida.

Personagens e Atuações

Mesmo não desenvolvendo a melhor finalização para cada personagem, Orange Is The New Black tem um elenco poderoso que entrega força, sinceridade, emoção e humor em cada cena. É também uma das coisas que mais chama atenção na série, o espetáculo das atuações. Essa última temporada fecha a performance das atrizes com chave de ouro no melhor que podem oferecer e fica quase impossível não se sensibilizar com o desempenho de cada uma das personagens. Destaque para Suzanne (Uzo Aduba) e Taystee, cada uma com sua personalidade e arco, são personagens que ansiamos pela próxima cena. O episódio final ainda conta com uma cena pós créditos que mostra as atrizes nas últimas gravações e a emoção daquele momento. Isso leva a crer que essa emoção foi carregada por toda a temporada, por isso a alta carga de emotividade ao longo dos episódios.

Parte triste do final também é que as últimas cenas escritas se tornam o destino e as últimas lembranças. E nisso a série designa caminhos infelizes para alguns ótimos personagens – claro, nem tudo são finais felizes, mas deixa uma angústia – Destaco o rumo de Red (Kate Mulgrew), Dogget (Taryn Manning) e Lorna (Yael Stone) os mais infelizes de acompanhar, vide situações adversas que as colocaram na prisão e resultaram em caminhos consternados. As cenas tentam aplicar os devidos valores às personagens em suas “despedidas”, por assim dizer, mas infelizmente deixam um pouco superficial seus respectivos desfechos. Talvez por serem muitas histórias cruzadas e co-protagonistas, a temporada poderia ter alguns episódios a mais a fim de aprofundar um pouco cada cenário. Ao mesmo tempo em que na 6ª temporada parece não acontecer muita coisa, a 7ª parece acrescentar informações depressa, por ser o encerramento da série. Isso compromete no quesito expectativa, pois uma série de tamanho sucesso e repercussão poderia ter mergulhado um pouco mais em cada história, no intuito de dar conta de tantas novidades simultaneamente.

Considerações Finais

Ainda que a conclusão da história até onde podemos acompanhar não seja a mais satisfatória, Orange Is The New Black termina bem-humorada e deixa ao fim a criação de um fundo para ajudar mulheres na vida real. A série tenta, sendo assim, difundir um legado de auxílio e conscientização na história. Permanece o “gostinho de quero mais”, pois muitas histórias ainda instigam a curiosidade do que viria a seguir. Mas, afinal, é o fim. 

 

Escrito por: Roberta Braz
Revisão: Raquel Severini

7.5

NOTA

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