Na mira de fazer um sci-fi de baixo orçamento, a produção "FIM DO MUNDO" acerta em uma comédia de aventura

Antes do Filme

Fim do Mundo (Rim of the World, no título original), lançamento da Netflix deste mês de maio, é uma ficção científica jovem repleta de aventura, ação e aliens. Pelo título do filme e pelas primeiras cenas, me lembrou alguns traços de Stranger Things – aventura, crianças e monstros. No entanto, ao longo do filme, isso foi se perdendo, pois a narrativa toma um rumo de comédia mais forte do que o teor de ficção científica em si. O diretor do filme, Joseph McGinty Nichol, mais conhecido como McG, também dirigiu produções como As Panteras (2000) e As Panteras Detonando (2003), O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009) e The Babysitter (2017), o último também para a Netflix. O roteiro é de Zack Stentz, o mesmo de X-Men: Primeira Classe (2011) e Thor (2011).

 

Sinopse

Alex (Jack Gore) é um pré-adolescente que adora computadores e estudar ciência, como ele mesmo se descreve, um nerd. Sua mãe insiste que ele vá a um acampamento de verão, no qual se vê no meio de várias crianças, inclusive a carrancuda ZhenZhen (Miya Cech), sua crush logo de cara, que não dá muita bola pra ele. Alex conhece também o carismático Dariush (Benjamin Flores Jr.), rico e fanfarrão. Alex vai atrás de ZhenZhen pelo alto de uma montanha, até que percebe que Dariush estava por perto. Um garoto chamado Gabriel (Alessio Scalzotto) aparece para defender Alex depois do colega tirar sarro e tentar empurrá-lo da colina. Gabriel é um jovem adolescente que diz estar no mesmo acampamento que eles – logo mais descobriremos que ele mente sobre isso, na verdade, era um jovem infrator que fugiu do reformatório. A trama se desenvolve ao passo que os quatro descobrem que o resto das crianças do acampamento sumiram, e estão perdidos sob um ataque alienígena.

 

Personagens, atuações e narrativa

Embora bem humorado e com boas atuações, Fim do Mundo deixa a desejar no roteiro, uma vez que as situações vão se desdobrando rápido demais. Isso prejudica um pouco a verossimilhança e a assimilação da história, já que evidencia o caráter absurdo e improvável das ocorrências, não muito explicadas em pouco tempo de tela para desenvolvê-las. Há cenas que ficam desconexas de todo o resto, sem muita contribuição para a engrenagem da narrativa. Mesmo assim, o tom de comédia colabora para que a história se torne curiosa e divertida. Algumas piadas despertam boas risadas, já outras me parecem um tanto inadequadas para um filme juvenil. Além disso, por conta dessa aceleração de acontecimentos, a relação entre os quatro personagens é quase forçada, mesmo em uma situação que eles se encontram sozinhos. A amizade floresce sem muita lógica num intervalo de tempo curto no filme.

Destaco a atuação e a escolha dos quatro atores protagonistas, pouco conhecidos, em especial a de Benjamin Flores Jr., como Dariush. É um personagem bastante caricato, cômico e cativante – vide sua aparição no acampamento ao som de Pony, referência ao filme Magic Mike, como um galanteador convencido. Há diversas outras referências interessantes nas falas dos personagens, o que me chamou atenção no desenrolar dos diálogos. O figurino combina e conversa com a arte do filme, que se inspira na década de 80, além das locações exteriores fascinantes. Os efeitos especiais também não são muito realistas e convincentes, outro elemento que deixa o filme imageticamente menos crível. Na mira de fazer um sci-fi de baixo orçamento, a produção acertou em uma comédia de aventura.

 

Depois dos créditos

O final de Fim do Mundo não é muito surpreendente quanto ao desfecho da trama, embora arranque boas risadas. Vale a pena conferir se você busca um filme despretensioso, com efeitos visuais meio trash e uma boa atuação engraçada. Está longe de ser uma obra prima, no entanto, oferece uma diversão leve e descontraída no mundo da ficção científica juvenil. As cenas anteriores aos créditos [SPOILER ALERT], que fazem montagens dos personagens depois de serem “heróis” e salvarem o mundo, são o encerramento certeiro para se deixar um sorriso no rosto e bom humor.

 

Escrito por: Roberta Braz

6

NOTA

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