Prequel de O Mágico de Oz apresenta a intrigante história de origem da bruxa má do Oeste, mas será que é má mesmo?

Antes do Filme

O ano de 1900 foi marcado pelo lançamento de uma obra literária que encantaria gerações, O Maravilhoso Mágico de Oz. Na história acompanhamos a saga de Dorothy para voltar a sua casa, onde para isso teria que encontrar o Mágico de Oz. A jovem conta com o auxílio de seus amigos nada convencionais e da Bruxa Boa Glinda, porém é perseguida pela Bruxa Má do Oeste pela estrada de tijolos amarelos. O conto de fadas foi um grande sucesso e estimulou muitas adaptações ao longo dos anos, a primeira delas sendo o filme O Mágico de Oz lançado em 1939.

Com o constante sucesso do mundo de Oz, não demorou muito para o lançamento de um novo livro, Wicked em 1995. A obra retrata a origem das duas principais bruxas do reino de Oz, Glinda e Elphaba, com aprofundamento da história do primeiro livro. O musical da Broadway também chegou como uma adaptação do gênero, se tornando um dos musicais mais famosos de todos os tempos.

A adaptação mais recente do musical Wicked é o longa estrelado por Ariana Grande (Brilhante Victoria) e Cynthia Erivo (Luther: O Cair da Noite), interpretando Glinda e Elphaba respectivamente. A direção fica a cargo de Jon M. Chu (Em um Bairro de Nova York), além de outros grandes nomes no elenco como a ganhadora do Oscar Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) e Jonathan Bailey (Bridgerton).

Durante o Filme

A trama do prelúdio tem início na conturbado da relação das duas amigas Glinda e Elphaba na escola de magia do reino de Oz. Glinda é super popular e busca ser uma grande bruxa benfeitora, enquanto Elphaba estava lá por acaso e é esnobada por todos, mesmo com enorme potencial. Logo no início do filme, percebemos que a vida de Elphaba não seria fácil, desde o menosprezo de seus pais após seu nascimento pelo seu tom de pele até a escolha de sua irmã como filha preferida do casal.

Ao longo do desenvolvimento das relações entre os personagens somos apresentados a trama mais importante até então da trama, um mistério sobre a incerteza da manutenção dos animais em convívio contínuo com os humanos, por conta de relatos de problemas no reino envolvendo os mesmos. A relação das duas protagonistas começa de maneira áspera pelo conflito de suas personalidades, mas com uma ação inesperada de Elphaba, as diferenças são colocadas de lado e ambas se tornam grandes amigas.

As investigações sobre o mistério envolvendo a presença dos animais no reino avançam. Elphaba se torna uma grande promessa na arte mágica e chama atenção do famoso Mágico de Oz, que a convida para a Cidade das Esmeraldas, e a bruxa verde acaba levando Glinda como sua acompanhante. Porém, ao chegarem à cidade sede do reino de Oz, a dupla descobre que as histórias não contavam toda a verdade sobre o local.

O conflito final do longa reserva um embate intenso, onde verdades vem à tona e as protagonistas se encontram encurraladas entre manter suas próprias convicções ou abrir mão de tudo para alcançar um cargo importante no reino de Oz. As canções estão presentes na grande parte da narrativa, mas a sequência final reserva uma cartada especial para os fãs mais assíduos do musical.

Após o Filme

Minhas expectativas para o filme eram medianas por conta do estilo musical não me atrair tanto e por não ser muito conhecedor do mundo do Mágico de Oz, mas fui surpreendido positivamente ao sair da sessão. Um filme muito prazeroso de se assistir com uma história intrigante que convida o expectador a não desgrudar os olhos da tela, seja pelo ótimo design de produção e fotografia ou pela ótima direção de Jon M. Chu que é capaz de contar uma história mais densa quando comparada ao filme de 1939, mas sempre deixando claro a qual universo pertence, referenciando diversos elementos da obra original. Outro ponto positivo para a direção fica para a construção de cenas igualmente impactantes com ópticas distintas, como a da festa e a cena na torre na última sequência do longa.

As atuações também são dignas de elogios, com destaque maior para a dupla protagonista. Ariana Grande está brilhante como Glinda, incorporando com sucesso aquele espírito de herdeira patricinha que quer sempre ser o centro das atenções. Mas, isso não torna sua personagem detestável, pois um dos méritos de sua performance, são as diversas situações cômicas que envolvem a essência de sua personagem, parece que nasceu para o papel. Cynthia Erivo por outro lado carrega a parte mais densa da trama, Elphaba carrega os traços de uma infância difícil para uma vida adulta ainda mais desafiadora, a atriz consegue equilibrar muito bem a leveza em alguns momentos com a seriedade que sua personagem requer em momentos de batalhas internas e externas, sempre defendendo seus ideais. As interações entre ambas as protagonistas são com certeza um dos pontos altos do longa, tanto pelo lado cômico, como pelo lado tenso da narrativa.

Em um filme cercado de diversos acertos sob o ponto de vista de direção, roteiro, atuações e demais quesitos é realmente difícil apontar algo que deixou a desejar. Mas, acredito que a trama envolvendo os animais esteja sobrando se olharmos a história como um todo, por conta de só ser lembrada em cena quando o roteiro precisa de um mistério como pano de fundo para mover a trama. E a questão das diversas músicas presentes na história, na minha visão, no final do segundo ato estava um pouco saturado, mas na parte final do longa, houve uma alteração de como as músicas eram propostas e com o aumento da tensão nas cenas me fez voltar a sentir emoção durante as canções.

Por fim, posso afirmar com certeza que Wicked foi uma das melhores experiências no cinema que tive esse ano, que apesar das mais de 2h40 de filme, elas são muito bem aproveitadas com uma história densa, fotografia maravilhosa, atuações incríveis e um final arrebatador que me deixou em um estado de êxtase ao subir os créditos finais. Apesar de não ser familiarizado com o universo do Mágico de Oz, Wicked transformou minha percepção e despertou meu interesse por essa fascinante história.

9.5

NOTA

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