Antes do Filme
Longlegs é o novo longa de terror do diretor Oz Perkins, conhecido por ter dirigido outros filmes do gênero como A enviada do Mal e João e Maria (2020). O filme conta com a participação de Nicolas Cage como o principal antagonista (Longlegs) e tendo como protagonista a atriz Maika Monroe interpretando a investigadora Lee Harker.
Durante o filme
Longlegs – Vínculo Mortal se apresenta como um filme de horror de época, remetendo muito aos clássicos de terror, como Psicose. O longa se inicia nos introduzindo o antagonista, Longlegs, enquanto ele se dirige à uma casa isolada onde uma menina brinca, solitária, no quintal coberto de neve. Ao sair do carro e atrair a garota para os fundos deste quintal, o personagem de Nicolas Cage começa a conversar com a menina, parabenizando-a por estar prestes a fazer aniversário.
Após um diálogo introdutório desconfortável entre o psicopata e a menina, temos um corte para o futuro próximo, onde somos introduzidos à personagem de Maika Monroe, Lee Harker, uma investigadora que foi associada ao caso do psicopata Longlegs, o qual vem cometendo crimes sem conseguir ser pego, pois aparentemente ele não deixa rastros em nenhuma cena dos seus crimes além de anotações criptografadas.
Ao decorrer de sua investigação, Lee começa a ser assombrada e perseguida pelo assassino, que a deixa cartas e brinca com o psicológico da policial, fazendo-a questionar da sua própria sanidade e desconfiar daqueles que a cercam.
Depois do filme
Longlegs – Vínculo mortal é uma demonstração perfeita de como se construir uma narrativa amedrontadora sem a necessidade de jumpscare e baratos. O filme tem seu estilo próprio, combinando o ritmo lento com uma construção de tensão entre antagonista e protagonista que nos deixa na beira da cadeira. Também podemos destacar como os sustos ou elementos que causam choque à nós espectadores se encontram no fundo do cenário em segundo plano, lembrando muito Maldição da Residência Hill, de 2018. Ao fazer isso, Oz Perkins leva o desconforto e o medo para além do primeiro plano dos personagens, dando ao espectador a sensação que ele também pode estar sendo observado e amaldiçoado pelas costas, aumentando ainda mais a imersão.
Para mim, o ponto alto do filme é a fotografia. A junção da natureza morta dos cenários com a paleta de cores cinzenta ajuda a construir um mundo em que tudo é altamente tenso, perigoso e assustador. Os ângulos de câmera escolhidos pelo diretor nos passam uma visão intimidadora. De movimentações lentas à ângulos inferiores e superiores, a fotografia nos mostra o real medo da protagonista e dos outros policiais e a ameaça que Longlegs realmente representa.
Aproveitando, é impossível deixar passar a atuação perfeita de Nicolas Cage como Longlegs. O ator realmente brilha e rouba a cena toda a vez que entra na tela, transmitindo medo genuíno com seus olhares de assassino. Mesmo não tendo muito tempo de tela, o personagem rouba completamente o protagonismo, ao ponto de ignorarmos um pouco os “mocinhos” e preferirmos ver mais do vilão satânico de Nicolas Cage. Um fenômeno parecido ao que acontece no longa Silêncio dos Inocentes de 1991. Anthony Hopkins, que está atuando como Hannibal Lecter, rouba completamente o protagonismo de Jodie Foster. Por isso também notei muito essa semelhança aos clássicos do terror, onde se construía uma narrativa lenta e sem muitos jumpscares e que davam pouco tempo de tela aos vilões, mas que era sempre muito bem aproveitado.
Para fechar também devo elogiar a perfeita mistura de gêneros feita no filme. O diretor consegue fazer um mix perfeito entre um thriller policial com terror e uma pitada certa de misticismo.
Dito tudo isso, Longlegs é um filme de terror que tira completamente a saturação que o gênero passava nos últimos anos, com produções bobas e fracas focadas no susto. Oz Perkins nos mostra que uma boa construção de mundo e um ritmo mais harmônico com a narrativa podem ser milhões de vezes mais assustadores do que um monstro com uma maquiagem exagerada.