Riley e Alegria buscam manter o equilíbrio emocional diante das intensas mudanças na adolescência

Antes do Filme

Uma das animações mais aclamadas pela crítica e público da Pixar recebe sua sequência, após quase 10 anos do lançamento do primeiro filme. Kelsey Mann (Megas XLR), que já trabalhava na produção de filmes do estúdio e debuta na direção de longas, assumindo o lugar de Pete Docter (Up! Altas Aventuras!). O novo diretor, que também assina o roteiro, tem a árdua missão de pelo menos igualar seu predecessor que foi um grande sucesso de bilheteria, alcançando a marca de $858 milhões no ano de seu lançamento.

O elenco do primeiro filme retorna em sua totalidade, com a adição de peso de Maya Hawk (Stranger Things) como a voz da Ansiedade, uma personagem de grande importância na sequência. Por ser uma animação, a dublagem brasileira também merece grande destaque, novamente brilhante, assim como no filme de 2015.

Durante o Filme

A trama acompanha novamente as emoções de Riley no centro de comando, mas agora na fase de adolescência. Com isso, novas emoções surgem (Ansiedade, Inveja, Vergonha e Tédio) com a promessa de causar conflitos dentro da mente de Riley. Alegria e as emoções remanescentes precisam lidar com a chegada dos novos moradores.

No momento inicial do longa, Alegria tenta manter o comando frente às novas emoções recém-chegadas de maneira atenuadora. Mas, como tudo na adolescência é muito intenso, logo tudo muda de figura e o quarteto assume o controle do centro de comando e despacham, literalmente, Alegria e seus amigos para o fundo da mente de Riley.

Com a falta das antigas emoções no comando, Riley começa a modificar seu comportamento frente a seus amigos e familiares, típico da adolescência. Agora isoladas, longe do controle, as antigas emoções têm a missão de explorar novos lugares da mente para retomar antigas convicções de sua comandada e evitar que a Ansiedade tenha grande influência nas decisões e na formação de novas lembranças.

Depois do Filme

Divertida Mente 2 tinha o desafio de conseguir ter o nível de qualidade semelhante ao de seu antecessor, especialmente considerando que os filmes recentes da Pixar não foram bem recepcionados. Felizmente, a sequência acerta em cheio na qualidade, repetindo a dose de sucesso do longa de 2015. A presença de novos locais na mente de Riley aprofundam a complexidade da mente humana, juntamente com o crescimento da personagem, que agora enfrenta novos desafios internos (novas emoções) e externos (mudanças no ciclo de amizades e definição do futuro). A ascensão da ansiedade é notada nesta fase da vida, com a necessidade de afirmação e reconhecimento em todas as ações, quando não se tem o controle adequado, resulta em uma crise de ansiedade retratada ao final do longa.

Assisti ao filme dublado, e a versão brasileira de Divertida Mente 2 melhorou minha experiência cinematográfica, com diversas adaptações da língua original para a nossa que me arrancaram boas risadas ao longo da sessão. O mesmo elenco de dublagem foi mantido do primeiro para o segundo filme, encabeçados por Miá Mello (Alegria) e para as novas emoções, a dublagem principal fica para Tatá Werneck (Ansiedade).

Poucos pontos negativos me chamaram atenção no filme. O primeiro tem relação com a trama desse segundo longa, se assemelhando bastante com seu antecessor, com as emoções sendo ejetadas para fora do centro de comando e tendo que retornar e evitar que emoções descontroladas tomem decisões precipitadas na vida de Riley, deixando de lado o conceito novidade. Outro detalhe é que a Inveja teve pouca exploração em suas aparições em tela, sendo a presença com menos brilho das 4 novas emoções.

Em resumo, Divertida Mente 2 segue os mesmos preceitos de seu antecessor. O filme diverte as crianças por conta da grande presença de cores moldadas em uma deslumbrante animação que em horas mescla o 3D com 2D, e emociona também os adultos por fazer-nos recordar de situações passadas em nossas vidas. Um dos motivos que na minha opinião este filme supera o de 2015, foi no quesito de me identificar fortemente com diversas situações pela qual Riley enfrenta ao longo de sua adolescência, com conflitos emocionais. A discordância na mente de Riley faz a representação da batalha que as pessoas travam contra seus sentimentos e como lidar melhor com eles, em alguns casos uns afloram mais que outros.

Por fim, gostaria de destacar uma cena que ocorre em um dos últimos diálogos do longa, onde Riley reencontra suas amigas de infância. A direção acertadamente subverte as expectativas do espectador em ocultar as emoções, dando espaço para Riley se expressar de maneira completa. As previsões mais recentes de bilheteria para o filme estão otimistas e o sucesso é aparentemente iminente, certamente fica aqui minha recomendação.

8.5

NOTA

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